O homem das anadiploses ainda não percebeu onde está o problema
Não sei se o Presidente da República estará por estas horas a pensar na entrevista de ontem do primeiro-ministro. Provavelmente não. Provavelmente não terá tido tempo ou pachorra para assistir a mais um monólogo, patrocinado pela complacência, impreparação e medo (vamos pensar que inconsciente) de dois jornalistas. Convinha, ainda assim, que o Dr. Cavaco Silva tenha já tido oportunidade de perceber o que foi a entrevista do primeiro-ministro de Portugal, ontem no canal do regime: um mega-recado dirigido ao próprio. O homem que repudia os «recados», esteve durante mais de quinze minutos da entrevista a dizer basicamente isto: “Aníbal, não te metas nos assuntos do país porque de cada vez que falares nos assuntos do país, retirar-te-ei do pedestal e colocar-te-ei nas baças regiões da politiquice da oposição”.
Já se sabia que a retórica de José Sócrates era sleazy e pejada de arrogância. Ontem, juntou-se uma outra característica: o cinismo. José Sócrates arrogou-se o direito de falar em nome do próprio Presidente da República, avisando-o a ele e aos portugueses que o mais leve desabafo, o mais cândido reparo, a mais sincera e inocente das críticas do presidente seria sinónimo do «instrumentalização» - coisa que ele sabe que jamais o Presidente exercitaria...
Ficou, aliás, patente que José Sócrates pretende levar até às últimas consequências a sua pueril e patética doutrina: quem ousar criticar as respostas do governo à crise; quem denunciar práticas duvidosas da administração fiscal ou central; quem puser em dúvida as certezas que habitam a alma do primeiro-ministro e dos seus ministros, está invariavelmente ao serviço do «pessimismo», do «bota-abaixismo» e, no limite, da «calúnia». Ao pé dele, ninguém – jornalistas, comentadores, «analistas políticos», Zé Povinho – pode confrontá-lo com o país real ou com o real estado do país. Na sua santa e comovente crença, José Sócrates acha-se o melhor. Perante o picaresco queixume do povo, José Sócrates jura-nos que está a fazer tudo o que está ao alcance do melhor dos mortais. Este cerimonial dogmático, saturado de bondade e magnanimidade, exige, na prática, um silêncio de igreja a todos (incluindo jornalistas). Qualquer barulho será próprio dos que o querem derrubar de forma gratuita e ressabiada. O homem é, está visto, um santo.
Os objectivos desta estratégia roçam o prosaico: desqualificar o «maldizente», empurrar o «pessimista» para o grupo dos «miserabilistas» e dos «velhos do Restelo», negar até à exaustão uma evidência: antropologicamente, a postura do optimista de serviço nunca foi causa de desenvolvimento social e económico. Por uma razão clara e, também ela, prosaica: o optimista tende a desvalorizar as evidências e a mascarar a verdade. Coisa que este primeiro-ministro tem feito até à exaustão e de forma artificiosa. No dia da queda, a coisa não vai ser nada bonita.
Já se sabia que a retórica de José Sócrates era sleazy e pejada de arrogância. Ontem, juntou-se uma outra característica: o cinismo. José Sócrates arrogou-se o direito de falar em nome do próprio Presidente da República, avisando-o a ele e aos portugueses que o mais leve desabafo, o mais cândido reparo, a mais sincera e inocente das críticas do presidente seria sinónimo do «instrumentalização» - coisa que ele sabe que jamais o Presidente exercitaria...
Ficou, aliás, patente que José Sócrates pretende levar até às últimas consequências a sua pueril e patética doutrina: quem ousar criticar as respostas do governo à crise; quem denunciar práticas duvidosas da administração fiscal ou central; quem puser em dúvida as certezas que habitam a alma do primeiro-ministro e dos seus ministros, está invariavelmente ao serviço do «pessimismo», do «bota-abaixismo» e, no limite, da «calúnia». Ao pé dele, ninguém – jornalistas, comentadores, «analistas políticos», Zé Povinho – pode confrontá-lo com o país real ou com o real estado do país. Na sua santa e comovente crença, José Sócrates acha-se o melhor. Perante o picaresco queixume do povo, José Sócrates jura-nos que está a fazer tudo o que está ao alcance do melhor dos mortais. Este cerimonial dogmático, saturado de bondade e magnanimidade, exige, na prática, um silêncio de igreja a todos (incluindo jornalistas). Qualquer barulho será próprio dos que o querem derrubar de forma gratuita e ressabiada. O homem é, está visto, um santo.
Os objectivos desta estratégia roçam o prosaico: desqualificar o «maldizente», empurrar o «pessimista» para o grupo dos «miserabilistas» e dos «velhos do Restelo», negar até à exaustão uma evidência: antropologicamente, a postura do optimista de serviço nunca foi causa de desenvolvimento social e económico. Por uma razão clara e, também ela, prosaica: o optimista tende a desvalorizar as evidências e a mascarar a verdade. Coisa que este primeiro-ministro tem feito até à exaustão e de forma artificiosa. No dia da queda, a coisa não vai ser nada bonita.
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