Não merecem mais
Correia de Campos e mais uns quantos indefectíveis e indignados do PS (militantes ou, como se diz agora, da «área» do partido), a que se junta o insuspeito Lobo Xavier, acharam deploráveis, uns, lamentáveis, outros, e desadequadas, os mais benevolentes, as declarações de Nascimento Rodrigues. Entendem eles que a personagem deveria manter-se calada ou, no mínimo, reservada relativamente a diktats ou pronunciamentos sobre o regime, uma vez que, atenção, «ainda» se encontra em funções. Correia de Campos vai mais longe: enquanto estiver em funções: caluda; após cessar funções: berrar à vontade. Sem querer maçar-vos muito, que o assunto é menor (menor para todos à excepção, certamente, do próprio), há que encontrar um mínimo de discernimento sobre o que se está aqui a passar. Nascimento Rodrigues aguarda, há mais de nove meses, que os partidos do Centrão lhe arranjem um sucessor. As suas funções já cessaram. Por favor, e só por favor, Nascimento Rodrigues mantém-se no cargo, num limbo que certamente não o dignifica e não o satisfaz.
Face ao estado a que este país chegou, devo desde já declarar que Nascimento Rodrigues é um santo. Um homem que resiste, após um mandato onde se deparou com um pouco de tudo (refiro-me, concretamente, aos «problemas» desta jovem democracia), nove meses para se aliviar de algumas verdades (nove meses, no que toca ao emudecimento de verdades, é coisa que não faz bem à saúde de ninguém), só pode ser aparentado de Job.
Pessoalmente, no lugar de Nascimento Rodrigues, já tinha esmurrado alguém e, muito provavelmente, fugido do país (não por medo, mas por nojo). Mas não. Estoicamente, o homem aguentou-se. Tiro-lhe o chapéu, não sem antes lhe apontar o único defeito que lhe vislumbrei em todo este processo: levar a coisa demasiado a sério. Em alternativa ao murro, que é coisa feia, tinha levado a coisa para a comédia e gozado com a situação. No fundo, estamos a falar de Portugal. Os indignadinhos do regime; os que levam sempre tudo tão a sério e na perspectiva «institucional» (quando lhe convém ou não lhes toca, como é o caso); os senhores doutores aparelhistas de profissão; não merecem mais nada a não ser isto: sorrir-lhes na cara, chamar-lhes os nomes que importa chamar (sempre com o tal sorriso) e, pelo meio, dizer meia dúzia de evidências, não vá o povo esquecer-se.
Sim, há algo de podre. E não é na Dinamarca.
Face ao estado a que este país chegou, devo desde já declarar que Nascimento Rodrigues é um santo. Um homem que resiste, após um mandato onde se deparou com um pouco de tudo (refiro-me, concretamente, aos «problemas» desta jovem democracia), nove meses para se aliviar de algumas verdades (nove meses, no que toca ao emudecimento de verdades, é coisa que não faz bem à saúde de ninguém), só pode ser aparentado de Job.
Pessoalmente, no lugar de Nascimento Rodrigues, já tinha esmurrado alguém e, muito provavelmente, fugido do país (não por medo, mas por nojo). Mas não. Estoicamente, o homem aguentou-se. Tiro-lhe o chapéu, não sem antes lhe apontar o único defeito que lhe vislumbrei em todo este processo: levar a coisa demasiado a sério. Em alternativa ao murro, que é coisa feia, tinha levado a coisa para a comédia e gozado com a situação. No fundo, estamos a falar de Portugal. Os indignadinhos do regime; os que levam sempre tudo tão a sério e na perspectiva «institucional» (quando lhe convém ou não lhes toca, como é o caso); os senhores doutores aparelhistas de profissão; não merecem mais nada a não ser isto: sorrir-lhes na cara, chamar-lhes os nomes que importa chamar (sempre com o tal sorriso) e, pelo meio, dizer meia dúzia de evidências, não vá o povo esquecer-se.
Sim, há algo de podre. E não é na Dinamarca.
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