O GPS Queque
Miguel Esteves Cardoso in Público 12/03/2009
O GPS Queque
Há um aparelho de localização que sempre admirei pela precisão dos resultados. Embora eu não saiba usá-lo - leva gerações de sangue azul -, amiúde o vi em operação.
É o GPS Queque e funciona assim: dois queques encontram-se e um diz ao outro que um terceiro queque está a morar no Estoril. "Onde?" é o primeiro passo. E arranca logo o GPS Queque, num primor de triangulação. Dão-se duas coordenadas queques - as casas dos maiores queques mais próximos - e, zás, já se sabe onde parou o queque tresmalhado.
"Sabes onde mora o Espírito?", pergunta o queque relator. O outro diz que sim. (Não é um teste religioso: "Espírito" é quequês para um membro da família Espírito Santo). "E estás a ver a casa antiga dos Lupis? É ali mesmo ao meio." Aqui, o queque auditor, num ápice, faz a leitura do GPS - quanto mais rápida, mais pontos-queques - e diz "Já sei!" ou "Sei perfeitamente!"
O povo que oiça fica na mesma. É essa a ideia: impedir que seja usado pelas massas. O GPS Queque não é o contador de água, que qualquer bimbo pode vir ler. Se não sabe onde mora o Espírito, não precisa de (nem merece) saber para onde se mudou o Sobral. Este GPS também transmite dados rigorosos de posição social de que nenhuma tecnologia é capaz. Sempre com total pontaria. As coordenadas fornecidas e conhecidas (ou não) revelam o GPS social tanto do queque relator como do auditor. Quanto mais bem, melhor. Eu, um mero possidónio, é que nunca hei-de saber quais são. Estou perdido.
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