O MacGuffin: O voto

terça-feira, junho 17, 2008

O voto

A aversão que a «Europa», o Dr. Durão Barroso e, à escala liliputiana, o Eng. José Sócrates têm pelo voto e pela consulta popular só tem paralelo com o meu asco por cobras e osgas. O «não» irlandês explica-se tão bem como o Prof. Nuno Crato nos pode explicar o resultado da soma 1+1: ninguém sabia o que era e o pouco que se sabia não aliviava um grama ao pesado fardo que cada família de classe média de qualquer país europeu (salvo raríssimas excepções) por estes dias carrega no seu dia-a-dia – cenário mais do que ideal para chumbar propostas vagas, ditadas por gente que não se conhece e com efeitos duvidosos em sede de soberania e eficácia imediata. Visto noutra perspectiva, o «não» irlandês foi uma espécie de «cut the crap» face à plasticidade de um Tratado inconsequente e um aviso para que os lunáticos de Bruxelas e Estrasburgo percebam, de uma vez por todas, que a Europa é, ainda e por muitos e bons anos, um conjunto heterogéneo de países e não uma massa uniforme de alienados. A desconfiança irlandesa perante o Tratado de Lisboa é igualzinha à que a maioria da ralé de todos os países europeus sente quando se lhes fala do Tratado e da construção europeia. A única diferença é que a Irlanda consultou o povo e isso revelou-se a céu aberto. Nos outros países, optou-se pela passagem administrativa. Bem ao jeito, aliás, da doutrina Socratiana e Barrosiana, avessa a divergências e contratempos que baralham os seus planos forjados a régua e esquadro, putativamente mobilizadores e salvíficos.

Se eu estou contra a Europa? Não. Só não gosto é de gente apressada, cega e com noções muitos duvidosas sobre o que significa respeitar a vontade popular e que lições retirar dos resultados.

socratesbarroso

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