Not so fast
Meu caro Ricardo: para além da provocação, insisto que insistes no erro. “De todos o maior”. Ao contrário dos seus detractores (Philip Larkin ou, mais recentemente, Clive James), não nego que Coltrane esteja entre os grandes da história do jazz. Mas a história do jazz é longa e os grandes são muitos. Referiste, no início, Coltrane como "o maior músico" (sic). Presumi que enquanto executante. Neste campo, e em matéria de originalidade, técnica e savoir faire, onde colocas Ben Webster? Segundo, terceiro? E Miles Davis? E Coleman Hawkins? E Art Tatum? E Bud Powell? E Paul Desmond, que criou um estilo inconfundível? Referes, agora, as qualidades de Coltrane enquanto compositor ou criador. E Edward Kennedy Ellington? Meu Deus, onde pões tu o Ellington: atrás do Coltrane?!
É óbvio, demasiado óbvio até, que estamos no plano das opiniões pessoalíssimas. Mas insisto que se trata de um erro apontar um «campeão» de entre uma galeria de notáveis e geniais criadores e/ou interpretes. Voltando ao Coltrane, considero, por exemplo, a sua fase Blue Train como a mais perfeita. Nota máxima, sem margem para dúvidas ou salamaleques. Mas confesso que, com o tempo, passei a distinguir este Coltrane de um Coltrane completamente alucinado que por vezes tocava de forma disparatada e histérica, passando do terreno da originalidade para o do 'eu já não sei muito bem o que estou para aqui a fazer'. Repito: é a minha opinião. Mas em matéria de jazz e da sua longa e gloriosa história, manda a prudência não cair na tentação de eleger um «monstro sagrado» ou uma «sumidade» inacessível. Por razões, para mim, óbvias. Até breve, então.
É óbvio, demasiado óbvio até, que estamos no plano das opiniões pessoalíssimas. Mas insisto que se trata de um erro apontar um «campeão» de entre uma galeria de notáveis e geniais criadores e/ou interpretes. Voltando ao Coltrane, considero, por exemplo, a sua fase Blue Train como a mais perfeita. Nota máxima, sem margem para dúvidas ou salamaleques. Mas confesso que, com o tempo, passei a distinguir este Coltrane de um Coltrane completamente alucinado que por vezes tocava de forma disparatada e histérica, passando do terreno da originalidade para o do 'eu já não sei muito bem o que estou para aqui a fazer'. Repito: é a minha opinião. Mas em matéria de jazz e da sua longa e gloriosa história, manda a prudência não cair na tentação de eleger um «monstro sagrado» ou uma «sumidade» inacessível. Por razões, para mim, óbvias. Até breve, então.
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