O MacGuffin: Só para chatear o Louçã

quarta-feira, agosto 22, 2007

Só para chatear o Louçã

Então compadri, lendo o VPV, hã? Faz vossemecê muitíssimo bem.

O novo Bloco
por Vasco Pulido Valente (03.06.2007)

Segundo Francisco Louçã, o Bloco é socialista e anticapitalista, mas não revolucionário, e procura uma alternativa ao mercantilismo e ao liberalismo. Para um partido que saiu da UDP, do PSR e do PC esta mansidão é meritória. Até porque esconde muito mais do que revela. O socialismo e o anticapitalismo do Bloco, por exemplo, não passam da ideia de que o mercado não resolve "os problemas sociais" (coisa que ninguém discute) e da defesa (suponho que ardorosa) dos serviços públicos. De resto, o Bloco, rejeitada a revolução e, com ela, o marxismo, "procura" com modéstia uma "alternativa" ao "mercantilismo" (uma entidade indefinida e assaz misteriosa) e ao "liberalismo". Tudo visto e considerado, e tirando o seu velho ódio igualitário à gravata, o Bloco acabou tristemente na social-democracia e só não está ainda no "centrão" porque o PS não precisa dele.
Pior do que isso, nada ou quase nada do que diz Louçã o distingue de Paulo Portas, Sarkozy ou Cameron. Nem a preocupação com a saúde e o ensino; nem, como é óbvio, a "grande causa" do "ambiente", com que o Bloco se espera revestir de um arzinho de "modernidade". O "ambiente" serve sempre de programa a quem não tem programa, à esquerda e à direita. Claro que, na oposição, Louçã se pode dar ao luxo de bramir contra a política do Governo, o desemprego e o "precariado" (ou, se preferirem, o emprego precário). Infelizmente para ele, mesmo essa indignação profissional e parlamentar, que o CDS, o PSD e o PC partilham, não chega para restaurar a originalidade do antigo Bloco. Agora, também ele faz parte do clube.
E, naturalmente, adquiriu a obsessão essencial do clube: o "aparelho". Luís Fazenda anda por aí atrás de estudantes, de mulheres, de sindicalistas, do que vier à rede. A "implantação" cresce: aumentou o número de sedes (que não são de graça) e de comissões concelhias. Como qualquer partido que se preza, o Bloco quer a sua fatia de poder local e uns deputados mais na próxima Assembleia. Louçã insiste em que esse Bloco, já sobre o pesado, continua a ser um movimento "ideologicamente" aberto. Mas não interessa a maneira como Louçã o descreve (e se descreve), para puros fins de propaganda. Sem "causas" que ultrapassem a banalidade e o objectivo principal de reforçar o "aparelho", o Bloco é hoje um partido como outro. Um partido do regime, convencional e pobre e, como de costume, com um chefe perpétuo e um grupinho que protesta contra "a falta de democracia interna".

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