Borges e o optimismo
Diário da República:
Sim, são de louvar algumas medidas. Já aqui o escrevi. Partindo do pressuposto de que António Borges não estava a ironizar, a grande diferença é que eu sou um pessimista e Borges um optimista. Explico porquê.
Em primeiro lugar, as continhas de Sócrates têm por base níveis de crescimento económico que me parecem demasiado optimistas. Algures alguém se esqueceu de medir o efeito de algumas das medidas agora anunciadas (por exemplo, o aumento da carga fiscal) sobre o próprio crescimento económico.
Em segundo lugar, é precisamente uma expressão de António Borges – a de que o “consumo público quase não sobe” - que me separa, em definitivo, da sua análise rosácea. Borges fica satisfeito por verificar que o Consumo Público quase não sobe. Que bom? Que nada! O Consumo Público devia descer e não «quase não» subir. Dizer isto não é «fazer oposição». É apenas constatar que ao «quase não subir» o «Monstro» não vai sofrer de subnutrição. Pelo contrário: vai gozar de boa saúde. Não nos podemos esquecer que o Estado suga cerca de 25% para consumo próprio (o chamado Consumo Público, ou seja, o custo de funcionamento da máquina). Não vi anunciadas quaisquer medidas concretas tendentes a: a) racionalizar e simplificar os inúmeros serviços do Estado (as hemorragias do desperdício estão por estancar); b) suprimir muitos dos organismos e institutos públicos que pouco ou nada adiantam ao país (por obsolência, sobreposição de competências ou mera «incapacidade técnica»); c) fomentar o outsourcing, não sem antes acabar com os vícios, negociatas e palhaçadas que lhe têm dado mau nome; d) abandonar a meio-patetinha e supostamente salvífica regra do ‘saem dois, entra um” (nalguns casos, por que não saírem dez e não entrar nenhum?); e por aí fora.
Sim, claro: são de louvar algumas medidas. Mas ainda ninguém me conseguiu tirar a desconfortável sensação de que muita coisa ficou por fazer. De que a montanha pariu um rato. Ainda ninguém me convenceu que as «grandes» medidas - as medidas de fundo, «estruturais» - foram tomadas. Lacuna devida e ordeiramente tapada pelo tradicional e facílimo aumento de impostos sobre os desgraçados de sempre, para reequilíbrio de contas e disfarce de buracos.
Sim, são de louvar algumas medidas. Já aqui o escrevi. Partindo do pressuposto de que António Borges não estava a ironizar, a grande diferença é que eu sou um pessimista e Borges um optimista. Explico porquê.
Em primeiro lugar, as continhas de Sócrates têm por base níveis de crescimento económico que me parecem demasiado optimistas. Algures alguém se esqueceu de medir o efeito de algumas das medidas agora anunciadas (por exemplo, o aumento da carga fiscal) sobre o próprio crescimento económico.
Em segundo lugar, é precisamente uma expressão de António Borges – a de que o “consumo público quase não sobe” - que me separa, em definitivo, da sua análise rosácea. Borges fica satisfeito por verificar que o Consumo Público quase não sobe. Que bom? Que nada! O Consumo Público devia descer e não «quase não» subir. Dizer isto não é «fazer oposição». É apenas constatar que ao «quase não subir» o «Monstro» não vai sofrer de subnutrição. Pelo contrário: vai gozar de boa saúde. Não nos podemos esquecer que o Estado suga cerca de 25% para consumo próprio (o chamado Consumo Público, ou seja, o custo de funcionamento da máquina). Não vi anunciadas quaisquer medidas concretas tendentes a: a) racionalizar e simplificar os inúmeros serviços do Estado (as hemorragias do desperdício estão por estancar); b) suprimir muitos dos organismos e institutos públicos que pouco ou nada adiantam ao país (por obsolência, sobreposição de competências ou mera «incapacidade técnica»); c) fomentar o outsourcing, não sem antes acabar com os vícios, negociatas e palhaçadas que lhe têm dado mau nome; d) abandonar a meio-patetinha e supostamente salvífica regra do ‘saem dois, entra um” (nalguns casos, por que não saírem dez e não entrar nenhum?); e por aí fora.
Sim, claro: são de louvar algumas medidas. Mas ainda ninguém me conseguiu tirar a desconfortável sensação de que muita coisa ficou por fazer. De que a montanha pariu um rato. Ainda ninguém me convenceu que as «grandes» medidas - as medidas de fundo, «estruturais» - foram tomadas. Lacuna devida e ordeiramente tapada pelo tradicional e facílimo aumento de impostos sobre os desgraçados de sempre, para reequilíbrio de contas e disfarce de buracos.
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