O MacGuffin

terça-feira, janeiro 27, 2004

É A GREVE, SEGUNDA PARTE
O André Figueiredo escreveu-me:

“Com o devido respeito - que é algum, principalmente por causa dos óptimos
discos que comprei depois de ler o seu blog - deixe-me dizer-lhe que o seu
post sobre a greve é do mais reaccionário e demagogo que já por aí se
escreveu.
As greves são mesmo assim... se não, não eram greves... Cumprimentos.”

“São mesmo assim”… Significa isso, caro André, que a greve é intocável? A greve é uma vaquinha sagrada, que a carneirada tem de aceitar pacífica e prazenteiramente? A greve é um exercício que deverá sempre infligir o maior incomodo sob pena de perder o seu simbolismo e eficácia? Significa isso que apontar-lhe defeitos quanto à forma é sinal de reaccionarismo? Apontar-lhe defeitos quanto ao conteúdo é sinal de demagogia? A greve, como forma de «luta» e tal como está a ser conduzida por certos sindicalistas, não é sinónimo de anacronismo? Esse reaccionarismo de que fala não será antes visível no jargão e na postura de certos sindicalistas? Por último: as greves serão todas justas? O “a greve é mesmo assim” justifica tudo?

Aponte aí, caro André: de cada vez que tiver de acordar a minha filha às 6:45 minutos para, uma hora e quinze minutos depois, com os pés todos molhados e os ossos enregelados, batermos com os narizes no portão da escola só porque alguém decidiu não avisar os pais no dia anterior e decidiu cortar os telefones da escola para evitar esclarecimentos de última hora - “as greves são mesmo assim” -, eu permanecerei militantemente reaccionário, demagogo, __________, ___________ (preencha com os epítetos que lhe derem mais jeito). Com o devido respeito. Um abraço, escreva sempre.

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