É A GREVE
Na escola que a minha filha frequenta – a E. B. n.º 7 de Évora – o ritual que antecede um dia de greve é, em sim mesmo, um espectáculo. Nas vésperas dos heróicos “dias de luta”, que antecedem geralmente um fim-de-semana ou um feriado (curioso, não é?), o cenário é de guerra. De nervos, entenda-se. Os pais das criancinhas que frequentam a escola no horário da manhã (grupo ao qual pertenço) aguardam, como sempre, o toque de saída. Mas, nestes dias, aguardam, também, um sinal de magnanimidade, de misericórdia por parte dos iminentes grevistas. Pretendem, apenas, uma pequeníssima informação: há greve ou não há greve? Os professores são, regra geral, expeditos a transmitir a sua vontade. Mas a sua vontade não é para ali chamada. O problema não reside aí. Os professores podem não querer fazer greve – normalmente não querem – mas o pessoal auxiliar tem as chavinhas dos cadeados, das portas e portões. Controlam a logística e os aquartelamentos. E fazem questão de o demonstrar, sorrindo, maliciosamente, na direcção dos pais. São dias em grande: por umas horas, eles têm o poder. E greve que é greve tem de irritar, incomodar, tornar mais difícil a vida dos outros. O pessoal auxiliar segue à risca a voz de comando. Disciplina é a palavra chave. Eles sabem que, sem a presença deles, não há escola para ninguém. Eles têm a faca e o queijo nas mãos. Posicionados num dos lados da barricada, o pessoal auxiliar cruza os braços. Envergam um olhar e uma fácies que parecem dizer: “Com que então queriam saber se amanhã poderiam ficar na caminha até mais tarde? Não queriam mais nada, não?” Os pais, por seu lado, de semblante angustiado, querem apenas saber se terão de acordar os seus filhos duas horas antes (por volta das 6:45 da matina), para os levar à escola, ou se, pelo contrário, terão de organizar as suas vidas no sentido contrário. Mas não vale a pena. Ninguém se descose. Ordens do sindicato.
Na escola que a minha filha frequenta – a E. B. n.º 7 de Évora – o ritual que antecede um dia de greve é, em sim mesmo, um espectáculo. Nas vésperas dos heróicos “dias de luta”, que antecedem geralmente um fim-de-semana ou um feriado (curioso, não é?), o cenário é de guerra. De nervos, entenda-se. Os pais das criancinhas que frequentam a escola no horário da manhã (grupo ao qual pertenço) aguardam, como sempre, o toque de saída. Mas, nestes dias, aguardam, também, um sinal de magnanimidade, de misericórdia por parte dos iminentes grevistas. Pretendem, apenas, uma pequeníssima informação: há greve ou não há greve? Os professores são, regra geral, expeditos a transmitir a sua vontade. Mas a sua vontade não é para ali chamada. O problema não reside aí. Os professores podem não querer fazer greve – normalmente não querem – mas o pessoal auxiliar tem as chavinhas dos cadeados, das portas e portões. Controlam a logística e os aquartelamentos. E fazem questão de o demonstrar, sorrindo, maliciosamente, na direcção dos pais. São dias em grande: por umas horas, eles têm o poder. E greve que é greve tem de irritar, incomodar, tornar mais difícil a vida dos outros. O pessoal auxiliar segue à risca a voz de comando. Disciplina é a palavra chave. Eles sabem que, sem a presença deles, não há escola para ninguém. Eles têm a faca e o queijo nas mãos. Posicionados num dos lados da barricada, o pessoal auxiliar cruza os braços. Envergam um olhar e uma fácies que parecem dizer: “Com que então queriam saber se amanhã poderiam ficar na caminha até mais tarde? Não queriam mais nada, não?” Os pais, por seu lado, de semblante angustiado, querem apenas saber se terão de acordar os seus filhos duas horas antes (por volta das 6:45 da matina), para os levar à escola, ou se, pelo contrário, terão de organizar as suas vidas no sentido contrário. Mas não vale a pena. Ninguém se descose. Ordens do sindicato.
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