O MacGuffin

sábado, dezembro 06, 2003

THE TROUBLE WITH GEORGE
O Dr. Jorge Sampaio, o nosso presidente, andou em digressão por terras argelinas. O facto de se encontrar abroad não o coibiu de proferir mais uma notável declaração sobre o mundo. Vai daí, achou por bem voltar a condenar a “ocupação”(sic) do Iraque pelas forças da coligação, eufemismo encontrado para “invasão”, bem como a da Palestina pelos israelitas - o que só lhe fica bem depois de se saber que a maioria dos europeus considera Israel a maior ameaça à paz mundial. Há umas semanas atrás, quando se encontrava no Brasil, o Dr. Sampaio tinha revisitado Pilatos, lavando publicamente as suas mãos relativamente ao envio dos GNR’s para o Iraque.
Deviam ensinar ao Dr. Sampaio que há coisas que se podem pensar em privado mas não devem ser ditas em público. Principalmente por quem exerce um cargo de grande responsabilidade política e representativa. O Dr. Sampaio parece fazer questão de acentuar a divisão no seio da sociedade portuguesa e de, por arrastamento, revelar uma atroz falta de solidariedade para com os portugueses que estão no Iraque, os familiares que ficaram em Portugal e o governo de Portugal. Sampaio parece querer deixar claro que «aquilo» que se passa no Iraque (ou seja, a “invasão”) é insustentável, abrindo a porta para se pensar que os GNR’s e o governo português são coniventes com uma “ocupação” a todos os títulos condenável. Mais: o Dr. Sampaio, que adora invocar a ONU, faz questão de passar por cima do espírito da sua mais recente resolução sobre o Iraque.
Nesta matéria, o Dr. Sampaio tem revelado um sentido de Estado nulo. O Dr. Sampaio, presidente de todos os portugueses, deveria fazer um discurso de reconciliação e de esperança. Deveria referir a coragem e a tenacidade dos GNR’s, o digno trabalho de pacificação e de reorganização que estão a levar a cabo no Iraque - um país que, por boas ou más razões, se viu livre um carniceiro e onde se tenta, agora, implantar um Estado de direito servido por um regime minimamente aceitável. Deveria condenar publicamente as cobardes acções terroristas e de guerrilha perpetradas por uma horda de malfeitores ligados ao ancien régime. Deveria dizer que, com tempo, coragem e sem hesitações, o Iraque será um país incomensuravelmente melhor. Por último, o Dr. Sampaio deveria ter sempre presente que para alcançar esse patamar, o Iraque terá de continuar a ser «ocupado» durante mais algum tempo. Acabar com a «ocupação» de um dia para o outro seria catastrófico. Este sim, seria um discurso digno de um presidente. Fica para um homem de outra estirpe.

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