MÁRIO SOARES VS. PACHECO PEREIRA
Ontem, o programa “Duelos Imprevistos” (SIC Notícias) colocou frente-a-frente Mário Soares e Pacheco Pereira. Pouco ou nada há a dizer sobre o episódio. Digo apenas que o «notável» sentido da realidade de Mário Soares fez o seu regresso televisivo, voltando a ser confrangedor. Por várias vezes me senti envergonhado por verificar como um homem daquela idade se presta, ainda, àquelas figuras. Não é de admirar. Eu não me esqueço que Mário Soares, há um ano atrás, escreveu no Expresso preciosidades deste calibre: “o regime soviético implantado nada tinha de Esquerda” (sic); “os socialistas são os intransigentes defensores da liberdade” (sic); “o património da Esquerda é inseparável da liberdade – as ditaduras são sempre de Direita” (sic); “Kerensky era «menchevique»” (sic). Já não deveria espantar ninguém ouvir da sua boca coisas como “o mal do mundo advém da exploração universal” (sic); nós, europeus, vamos ser “escravos do império” (sic); “o mundo está pior hoje do que no tempo do colapso do regime soviético” (sic). Pelo meio disse que “a natureza do terrorismo global [da Al Qaeda]” é igual “à natureza da administração norte-americana”. Razões? Porque, muita atenção, “Bush fala em Deus, no bem e no mal”.
Sinceramente, e com todo o respeito que tenho por Mário Soares, seria um favor que lhe prestavam se o não voltassem a convidar para comentar o mundo. À esquerda há gente bem mais capacitada para o fazer. E nós, tele-espectadores, seriamos poupados a tamanhas iniquidades.
Por último, umas palavras sobre Pacheco Pereira. Decompôs, com simplicidade e paciência, os argumentos do seu interlocutor (não era difícil, diga-se de passagem). Esteve seguro e expôs com clareza as suas posições. E levantou várias questões que importa repetir. Porque razão, para a esquerda, o 11 de Setembro de 2001 já pouco ou nada significa? Porque razão os esquerdistas, quando falam do Iraque de hoje, se esquecem de mencionar e enquadrar os milhares de corpos encontrados em valas comuns e o facto de se ter confirmado que Saddam Hussein foi um dos mais brutais ditadores do Sec. XX? Porque razão não conseguem perceber que o terrorismo do Sr. Bin Laden e de outros grupelhos avulsos, não é o braço armado dos «danados da fome», nem sequer se baseia numa hipotética luta pelo bem estar das populações ou o desenvolvimento dos países que supostamente representa? Repito o que escrevi há dias: o terrorismo serve uma lógica enviesada, um misto de ressabiamento ideológico, fundamentalismo religioso e sede de poder. O terrorismo não sai da esteira de um desinteressado grupo de injustiçados anónimos. Não representa um grito de raiva espontâneo. O terrorismo tem uma marca e uma organização. E tem como alvo o occidental way of life e tudo o que ele representa: a laicidade do Estado, a liberdade de expressão e de culto, a igualdade entre homens e mulheres, a Lei separada da religião, etc. etc.
Só lamento que, passados dois anos do atentado às Twin Towers, onde pereceram mais de três mil pessoas de várias nacionalidades, a memória seja curta e que a «velha» e cínica Europa pouco ou nada tenha feito para ajudar os EUA na luta contra os terroristas. Muito provavelmente, Mário Soares convidá-los-ia a tomar um chá na Lapa para debater o mundo e tentar compreender os seus problemas existenciais...
Ontem, o programa “Duelos Imprevistos” (SIC Notícias) colocou frente-a-frente Mário Soares e Pacheco Pereira. Pouco ou nada há a dizer sobre o episódio. Digo apenas que o «notável» sentido da realidade de Mário Soares fez o seu regresso televisivo, voltando a ser confrangedor. Por várias vezes me senti envergonhado por verificar como um homem daquela idade se presta, ainda, àquelas figuras. Não é de admirar. Eu não me esqueço que Mário Soares, há um ano atrás, escreveu no Expresso preciosidades deste calibre: “o regime soviético implantado nada tinha de Esquerda” (sic); “os socialistas são os intransigentes defensores da liberdade” (sic); “o património da Esquerda é inseparável da liberdade – as ditaduras são sempre de Direita” (sic); “Kerensky era «menchevique»” (sic). Já não deveria espantar ninguém ouvir da sua boca coisas como “o mal do mundo advém da exploração universal” (sic); nós, europeus, vamos ser “escravos do império” (sic); “o mundo está pior hoje do que no tempo do colapso do regime soviético” (sic). Pelo meio disse que “a natureza do terrorismo global [da Al Qaeda]” é igual “à natureza da administração norte-americana”. Razões? Porque, muita atenção, “Bush fala em Deus, no bem e no mal”.
Sinceramente, e com todo o respeito que tenho por Mário Soares, seria um favor que lhe prestavam se o não voltassem a convidar para comentar o mundo. À esquerda há gente bem mais capacitada para o fazer. E nós, tele-espectadores, seriamos poupados a tamanhas iniquidades.
Por último, umas palavras sobre Pacheco Pereira. Decompôs, com simplicidade e paciência, os argumentos do seu interlocutor (não era difícil, diga-se de passagem). Esteve seguro e expôs com clareza as suas posições. E levantou várias questões que importa repetir. Porque razão, para a esquerda, o 11 de Setembro de 2001 já pouco ou nada significa? Porque razão os esquerdistas, quando falam do Iraque de hoje, se esquecem de mencionar e enquadrar os milhares de corpos encontrados em valas comuns e o facto de se ter confirmado que Saddam Hussein foi um dos mais brutais ditadores do Sec. XX? Porque razão não conseguem perceber que o terrorismo do Sr. Bin Laden e de outros grupelhos avulsos, não é o braço armado dos «danados da fome», nem sequer se baseia numa hipotética luta pelo bem estar das populações ou o desenvolvimento dos países que supostamente representa? Repito o que escrevi há dias: o terrorismo serve uma lógica enviesada, um misto de ressabiamento ideológico, fundamentalismo religioso e sede de poder. O terrorismo não sai da esteira de um desinteressado grupo de injustiçados anónimos. Não representa um grito de raiva espontâneo. O terrorismo tem uma marca e uma organização. E tem como alvo o occidental way of life e tudo o que ele representa: a laicidade do Estado, a liberdade de expressão e de culto, a igualdade entre homens e mulheres, a Lei separada da religião, etc. etc.
Só lamento que, passados dois anos do atentado às Twin Towers, onde pereceram mais de três mil pessoas de várias nacionalidades, a memória seja curta e que a «velha» e cínica Europa pouco ou nada tenha feito para ajudar os EUA na luta contra os terroristas. Muito provavelmente, Mário Soares convidá-los-ia a tomar um chá na Lapa para debater o mundo e tentar compreender os seus problemas existenciais...
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