CIDADES INVISÍVEIS?
Miguel Sousa Tavares, num ‘post scritpum’ incluído numa excelente crónica sobre Buenos Aires publicada no Público, escreve:
(...) José Lamego aspira a ser um dos administradores escolhidos pelos americanos para governar o Iraque conquistado por George Bush. Como ontem aqui escrevia José Manuel Fernandes, este é um cargo “do interesse do país, pois pode vir a abrir as portas do Iraque a muitas empresas portuguesas”. Preto no branco: assumimos a vontade de partilhar de um direito de saque sobre um país estranho, direito esse fundado na agressão militar dos EUA; assumimos que o principal papel dos administradores civis do Iraque não é o servir os interesses das empresas do seu país de origem; e assumimos que a nossa política externa pode ser ditada pelo interesse das nossas empresas de construção civil ou outras.”
Visão curta, preconceito e má-fé: tudo misturado nesta pequena passagem. É pena. Miguel Sousa Tavares é uma pessoa inteligente, com a qual costumo estar de acordo. Mas, de tempos a tempos, a pena foge-lhe para o mais prosaico maniqueísmo (e, ultimamente, tudo o que envolva os EUA não tem a mínima das hipóteses).
Para Miguel Sousa Tavares, as empresas (lá está o velho preconceito dos ‘interesses’ e do ‘capital’) vão lá sacar o que é delas (o dinheirinho), ponto final, parágrafo. Não vão construir casas, pontes, estradas; não vão criar parceiras com as empresas locais; não vão transferir know-how; não vão dar emprego a milhares de iraquianos; não vão dar formação; não vão, também, correr riscos; nada. O que nos remete para a velha incompreensão por parte de certa gente sobre o que é o capitalismo. O capitalismo é isso mesmo: é receber, ganhar, mas é também dar, pagar, reaplicar a riqueza entreatnto gerada, para benefício do meio. Por detrás da simplista visão do lucro (tu pagas 100 por aquilo que me custou 50), as trocas comerciais entre países são um dos maiores motores de desenvolvimento. E isto é válido principalmente em países que sofrem de um atraso endémico e que se dispõem a abrir as suas portas ao investimento estrangeiro. De nada vale a ladainha dos abusos por parte de certas multinacionais. Histórias como as da Nike (um clássico no que toca a argumentos anti-globalização) devem ser observadas com objectividade e não devem servir para extrapolações. Casos são casos, e há que saber denunciá-los e corrigi-los. Só.
Não vou negar que as empresas não ganhem no Iraque aquilo a que têm direito (são empresas e não instituições de caridade). Mas ver as coisas só por esse prisma é próprio de quem usa e abusa do preconceito para esconder a falta de conhecimento.
Miguel Sousa Tavares, num ‘post scritpum’ incluído numa excelente crónica sobre Buenos Aires publicada no Público, escreve:
(...) José Lamego aspira a ser um dos administradores escolhidos pelos americanos para governar o Iraque conquistado por George Bush. Como ontem aqui escrevia José Manuel Fernandes, este é um cargo “do interesse do país, pois pode vir a abrir as portas do Iraque a muitas empresas portuguesas”. Preto no branco: assumimos a vontade de partilhar de um direito de saque sobre um país estranho, direito esse fundado na agressão militar dos EUA; assumimos que o principal papel dos administradores civis do Iraque não é o servir os interesses das empresas do seu país de origem; e assumimos que a nossa política externa pode ser ditada pelo interesse das nossas empresas de construção civil ou outras.”
Visão curta, preconceito e má-fé: tudo misturado nesta pequena passagem. É pena. Miguel Sousa Tavares é uma pessoa inteligente, com a qual costumo estar de acordo. Mas, de tempos a tempos, a pena foge-lhe para o mais prosaico maniqueísmo (e, ultimamente, tudo o que envolva os EUA não tem a mínima das hipóteses).
Para Miguel Sousa Tavares, as empresas (lá está o velho preconceito dos ‘interesses’ e do ‘capital’) vão lá sacar o que é delas (o dinheirinho), ponto final, parágrafo. Não vão construir casas, pontes, estradas; não vão criar parceiras com as empresas locais; não vão transferir know-how; não vão dar emprego a milhares de iraquianos; não vão dar formação; não vão, também, correr riscos; nada. O que nos remete para a velha incompreensão por parte de certa gente sobre o que é o capitalismo. O capitalismo é isso mesmo: é receber, ganhar, mas é também dar, pagar, reaplicar a riqueza entreatnto gerada, para benefício do meio. Por detrás da simplista visão do lucro (tu pagas 100 por aquilo que me custou 50), as trocas comerciais entre países são um dos maiores motores de desenvolvimento. E isto é válido principalmente em países que sofrem de um atraso endémico e que se dispõem a abrir as suas portas ao investimento estrangeiro. De nada vale a ladainha dos abusos por parte de certas multinacionais. Histórias como as da Nike (um clássico no que toca a argumentos anti-globalização) devem ser observadas com objectividade e não devem servir para extrapolações. Casos são casos, e há que saber denunciá-los e corrigi-los. Só.
Não vou negar que as empresas não ganhem no Iraque aquilo a que têm direito (são empresas e não instituições de caridade). Mas ver as coisas só por esse prisma é próprio de quem usa e abusa do preconceito para esconder a falta de conhecimento.
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