FÉRIAS
Não sou dos que alinham no pitiatismo das férias. Há algo de patético e deprimente na forma como a maioria das pessoas procura insistente e urgentemente um programa para ocupar o período de férias, sob pena de sentirem o sabor amargo da derrota e da frustração. Quando me perguntam “Onde foste nestas férias?” e recebem como resposta “A lado nenhum, fiquei por aqui”, vislumbro sempre um olhar de comiseração trocista. Não faz hoje qualquer sentido, sendo até sinal de infelicidade profunda, “ficar” quando é suposto “sair”. É incompreensível saber que se ocuparam os dias de férias a ler, em casa ou numa qualquer esplanada ou jardim, na mesma cidade onde se viveu (ou vegetou...) durante todo o ano.
Não percebo porquê. Será assim tão errado não alinhar na voragem vigente? Será sinal de doença do foro mental tentar fruir calma e prazenteiramente os dias de férias sem «rasgos» ou incómodos de natureza idílica, auto-infligidos por sugestão da Halcon ou da Agência Abreu?
Entendam-me: eu gosto de viajar, esporadicamente. Contudo, até aí jogo pelo seguro. Quando assim é, a minha costela snob marca pontos: a escolha é, invariavelmente, a de um destino minimamente «civilizado» (as aspas são a contribuição da semana para o politicamente correcto). A minha regra é simples: se é para sair, que se saia para onde a civilização humana marcou forte presença no passado e marca ainda no presente. Que se escolham sitios onde se possa continuar a comprar os jornais e as revistas habituais, desfrutar de bons museu, bons restaurantes e cafés, livrarias decentes e cinema e teatro capazes. E, é claro, com gente «normal» à mistura. Não me peçam para escolher retiros exóticos, com climas absurdamente húmidos e programas de pesca submarina, paredes meias com a pobreza e a mosquitagem. A minha consciência estética e moral não me permite assistir pacificamente à coabitação entre o luxo de uma estância turística e a dura realidade da fome e da indigência, mesmo ali ao lado. Para quê a «diferença», o «exotismo» e a «extravagância» se há sempre uma Veneza, uma Roma, uma Londres, uma Barcelona ou uma Paris, a escassas horas de distância?
Não sou dos que alinham no pitiatismo das férias. Há algo de patético e deprimente na forma como a maioria das pessoas procura insistente e urgentemente um programa para ocupar o período de férias, sob pena de sentirem o sabor amargo da derrota e da frustração. Quando me perguntam “Onde foste nestas férias?” e recebem como resposta “A lado nenhum, fiquei por aqui”, vislumbro sempre um olhar de comiseração trocista. Não faz hoje qualquer sentido, sendo até sinal de infelicidade profunda, “ficar” quando é suposto “sair”. É incompreensível saber que se ocuparam os dias de férias a ler, em casa ou numa qualquer esplanada ou jardim, na mesma cidade onde se viveu (ou vegetou...) durante todo o ano.
Não percebo porquê. Será assim tão errado não alinhar na voragem vigente? Será sinal de doença do foro mental tentar fruir calma e prazenteiramente os dias de férias sem «rasgos» ou incómodos de natureza idílica, auto-infligidos por sugestão da Halcon ou da Agência Abreu?
Entendam-me: eu gosto de viajar, esporadicamente. Contudo, até aí jogo pelo seguro. Quando assim é, a minha costela snob marca pontos: a escolha é, invariavelmente, a de um destino minimamente «civilizado» (as aspas são a contribuição da semana para o politicamente correcto). A minha regra é simples: se é para sair, que se saia para onde a civilização humana marcou forte presença no passado e marca ainda no presente. Que se escolham sitios onde se possa continuar a comprar os jornais e as revistas habituais, desfrutar de bons museu, bons restaurantes e cafés, livrarias decentes e cinema e teatro capazes. E, é claro, com gente «normal» à mistura. Não me peçam para escolher retiros exóticos, com climas absurdamente húmidos e programas de pesca submarina, paredes meias com a pobreza e a mosquitagem. A minha consciência estética e moral não me permite assistir pacificamente à coabitação entre o luxo de uma estância turística e a dura realidade da fome e da indigência, mesmo ali ao lado. Para quê a «diferença», o «exotismo» e a «extravagância» se há sempre uma Veneza, uma Roma, uma Londres, uma Barcelona ou uma Paris, a escassas horas de distância?
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