AMOR E A PAIXÃO por MIGUEL ESTEVES CARDOSO
“O amor começa pelo amor. É o céu. O céu foi criado primeiro. A paixão é um simples impulso físico, material, mensurável, explicável por todas as ciências da atracção. É o mar. O mar está mais perto de nós. Podemos chegar ao fundo dele. A diferença entre o amor e a paixão é como a diferença entre a cosmologia e a oceanografia. O mar tem fim, tem peso, tem vida. O céu não tem limite. O céu é dos astrónomos e dos poetas, que sabem que hão-de morrer sem percebê-lo. O mar é dos cientistas e dos observadores, que podem passar a vida dentro dele, sabendo que é finito e perceptível. O céu, como o amor, tem Deus acima dele. O mar, como a paixão, tem o Homem lá dentro. Compare-se o efeito que os anjos têm sobre nós com o que têm as sereias e perceber-se-á a distância entre a religião e a mitologia. A religião é uma coisa de Deus, do amor – a mitologia é uma coisa de pessoas-feitas-deuses, de paixão.”
O Miguel continua a escrever no DNa, todos os Sábados. É essencial continuar a ler e a acompanhar o Miguel. Nós, que gostamos tanto dele, por vezes esquecemo-nos de um pormenor: ele é um dos maiores escritores de língua portuguesa vivos. E quando me vêm falar dos Mias Coutos, faço um esforço enorme para não desesperar.
“O amor começa pelo amor. É o céu. O céu foi criado primeiro. A paixão é um simples impulso físico, material, mensurável, explicável por todas as ciências da atracção. É o mar. O mar está mais perto de nós. Podemos chegar ao fundo dele. A diferença entre o amor e a paixão é como a diferença entre a cosmologia e a oceanografia. O mar tem fim, tem peso, tem vida. O céu não tem limite. O céu é dos astrónomos e dos poetas, que sabem que hão-de morrer sem percebê-lo. O mar é dos cientistas e dos observadores, que podem passar a vida dentro dele, sabendo que é finito e perceptível. O céu, como o amor, tem Deus acima dele. O mar, como a paixão, tem o Homem lá dentro. Compare-se o efeito que os anjos têm sobre nós com o que têm as sereias e perceber-se-á a distância entre a religião e a mitologia. A religião é uma coisa de Deus, do amor – a mitologia é uma coisa de pessoas-feitas-deuses, de paixão.”
O Miguel continua a escrever no DNa, todos os Sábados. É essencial continuar a ler e a acompanhar o Miguel. Nós, que gostamos tanto dele, por vezes esquecemo-nos de um pormenor: ele é um dos maiores escritores de língua portuguesa vivos. E quando me vêm falar dos Mias Coutos, faço um esforço enorme para não desesperar.
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