Das causas
Este post é um portento explanatório dos motivos que levam certa gente a manifestar-se em torno de uma determinada causa. O que conta não é tanto a causa, mas tudo o resto: quem esteve (confirmando afinidades), quem não esteve (recalcando ideias feitas ou ódios cultivados), quem ligou a quem e, finalmente, de que forma o festim encheu as medidas iluministas dos que colectivamente se masturbaram em nome do soberbo humanismo que os habita e da deslumbrante sensibilidade que os ilumina (ao contrário dos ignorantes ou dos vorazes e sombrios tubarões do mar humano). “Fulano esteve, beltrano não esteve; sicrano do partido x esteve, representante da igreja y não esteve”. Um nojo.
O problema não está na liberdade de expressão (que é também, já agora, a liberdade de não expressão, sem que isso indicie amoralismo): está na inconsciente ou deliberada tentativa de forjar fronteiras intelectuais e políticas recorrendo a uma espécie de moralismo identitário contra os que, certamente por cobardia, vício ou hipocrisia, não estiveram presentes. Esta forma de relato social tablóide (só faltaram mesmo as fotos de grupo), não reflecte apenas vacuidade e enfatuação. Revela desrespeito por uma senhora chamada Sakineh. Precisamente porque a causa de Sakineh passa ao lado do banzé da Sra. Dona Fernanda e dos amigos da Sra. Dona Fernanda, que mais uma vez parecem ter celebrado o quão cool e amiguinhos dos desfavorecidos são, algures no Chiado. É que, por vezes, o que parece é.
O problema não está na liberdade de expressão (que é também, já agora, a liberdade de não expressão, sem que isso indicie amoralismo): está na inconsciente ou deliberada tentativa de forjar fronteiras intelectuais e políticas recorrendo a uma espécie de moralismo identitário contra os que, certamente por cobardia, vício ou hipocrisia, não estiveram presentes. Esta forma de relato social tablóide (só faltaram mesmo as fotos de grupo), não reflecte apenas vacuidade e enfatuação. Revela desrespeito por uma senhora chamada Sakineh. Precisamente porque a causa de Sakineh passa ao lado do banzé da Sra. Dona Fernanda e dos amigos da Sra. Dona Fernanda, que mais uma vez parecem ter celebrado o quão cool e amiguinhos dos desfavorecidos são, algures no Chiado. É que, por vezes, o que parece é.
1 Comentários:
Muito bom. Obrigadinha Carlos, por pores tão bem em palavras o que me estava na cabeça. Bjos
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