E por falar em cretinice
No anterior post, aliviei-me de uma inquietação (também no sentido atribuído por Lídia Jorge e JP Simões ao termo «inquietação») a propósito dos «novos» automóveis (que em breve alinharão com o «novo homem»). Mas há mais.
Há dias, farto de o pensar fazer e de não o fazer (sou português), ocorreu-me adquirir este automóvel:
Trata-se de um Porsche 911 do ano em que eu nasci (por razões óbvias, não revelo a idade). É possível arranjar um sapinho destes na Alemanha por cerca de 25.000 euros. Simpático (dentro da extravagância). É claro que, no minuto seguinte, o Dr. Texeira dos Santos e o sidekick Dr. Azevedo Pereira estão aí para estragar a festa. Em bom rigor, a culpa não é totalmente deles, já que herdaram a política tributária automóvel dos últimos vinte cinco anos. Mas, também em bom rigor, nada fizeram para a alterar. Pior: trataram de a agravar em matéria de importação (deve ser já a colecção 2009-2010 de proteccionismos prêt-à-porter). Resumidamente, é tão simples como um soco no estômago: no dia em que aquela viatura cruzar a fronteira portuguesa, terei que entregar ao Estado, na forma de Imposto Sobre Veículos (ISV), a módica quantia de… 12.231,90 euros. O carro é velho (tem a minha idade, não se esqueçam) mas, azar dos azares, tem 2.000 cm3 de cilindrada e tem um índice de emissão de CO2 anacrónico: pelo menos 250 g/km. O valor sobe para 18.481,90 euros caso a emissão de CO2 atinja a fasquia dos 300 g/km. As preocupações ambientais acompanhavam a época: naquele ano de fabrico, o único factor de agressão da camada do ozono digno de registo, relacionava-se com a queima generalizada de cannabis e a emissão, localizada na Europa de Leste, de uma vigorosa e diversificada gama de gases durante a aceleração de um qualquer Trabant (vinte segundos dos 0 aos 90).
Sem problemas de maior, o Herr Schmidt, que faz exactamente o mesmo que eu faço e ganha certamente o dobro do que eu ganho, faz o gosto ao dedo, ou, neste caso, ao pé, adquirindo um 911 do ano em que eu nasci (como pessoa sensível e interessada, informar-se-à desse marco temporal, via embaixada portuguesa). A minha querida pessoa, nascida em Portugal, não só ganha certamente metade do rendimento da sua homóloga alemã, como é penalizada, via impostos, em pelo menos o equivalente a 50% do valor de aquisição do bem (ou, shall I say, do «luxo»?).
É claro que estas excrescências temáticas fazem as delícias dos justiceiros fiscais do Bloco de Esquerda ou do Partido Comunista, para quem este consumismo alarve, fantasioso, ofensivo perante os crescentes índices de pobreza, deve ser severamente punido - em nome, claro está, dos desfavorecidos e das minorias étnicas, sexuais e religiosas. Resta-me o consolo de, um dias destes, me cruzar com o Sr. Ministro e com os bem pensantes, ao volante dos seus Insights e dos seus Prius. O que eu irei rir, ao volante... do quê?!
Há dias, farto de o pensar fazer e de não o fazer (sou português), ocorreu-me adquirir este automóvel:
Trata-se de um Porsche 911 do ano em que eu nasci (por razões óbvias, não revelo a idade). É possível arranjar um sapinho destes na Alemanha por cerca de 25.000 euros. Simpático (dentro da extravagância). É claro que, no minuto seguinte, o Dr. Texeira dos Santos e o sidekick Dr. Azevedo Pereira estão aí para estragar a festa. Em bom rigor, a culpa não é totalmente deles, já que herdaram a política tributária automóvel dos últimos vinte cinco anos. Mas, também em bom rigor, nada fizeram para a alterar. Pior: trataram de a agravar em matéria de importação (deve ser já a colecção 2009-2010 de proteccionismos prêt-à-porter). Resumidamente, é tão simples como um soco no estômago: no dia em que aquela viatura cruzar a fronteira portuguesa, terei que entregar ao Estado, na forma de Imposto Sobre Veículos (ISV), a módica quantia de… 12.231,90 euros. O carro é velho (tem a minha idade, não se esqueçam) mas, azar dos azares, tem 2.000 cm3 de cilindrada e tem um índice de emissão de CO2 anacrónico: pelo menos 250 g/km. O valor sobe para 18.481,90 euros caso a emissão de CO2 atinja a fasquia dos 300 g/km. As preocupações ambientais acompanhavam a época: naquele ano de fabrico, o único factor de agressão da camada do ozono digno de registo, relacionava-se com a queima generalizada de cannabis e a emissão, localizada na Europa de Leste, de uma vigorosa e diversificada gama de gases durante a aceleração de um qualquer Trabant (vinte segundos dos 0 aos 90).
Sem problemas de maior, o Herr Schmidt, que faz exactamente o mesmo que eu faço e ganha certamente o dobro do que eu ganho, faz o gosto ao dedo, ou, neste caso, ao pé, adquirindo um 911 do ano em que eu nasci (como pessoa sensível e interessada, informar-se-à desse marco temporal, via embaixada portuguesa). A minha querida pessoa, nascida em Portugal, não só ganha certamente metade do rendimento da sua homóloga alemã, como é penalizada, via impostos, em pelo menos o equivalente a 50% do valor de aquisição do bem (ou, shall I say, do «luxo»?).
É claro que estas excrescências temáticas fazem as delícias dos justiceiros fiscais do Bloco de Esquerda ou do Partido Comunista, para quem este consumismo alarve, fantasioso, ofensivo perante os crescentes índices de pobreza, deve ser severamente punido - em nome, claro está, dos desfavorecidos e das minorias étnicas, sexuais e religiosas. Resta-me o consolo de, um dias destes, me cruzar com o Sr. Ministro e com os bem pensantes, ao volante dos seus Insights e dos seus Prius. O que eu irei rir, ao volante... do quê?!
5 Comentários:
Se já com as damas não entendo verdadeiramente, então com os cavalheiros muito menos!
Mas não se revela o ano de nascimento porquê?
Ainda por cima os infantes quanto mais maduros, melhor... (dizem...)
Essa mania dos Porches é que...
Eu só gosto do Jeep. Aquele com nome de especiaria..., hmmmm pimenta..., ah! sim, Cayenne... não é?)
Lindooooooooo.
Vi-o a primeira vez a ser oferecido pelo Tony à Carmela. (it figures...).
Um belo dia, tempos depois, 'tropeço' num à porta de casa.
Rondei-o uma data de vezes. Juro. Até fiquei um nadinha tonta.
Lindo de morrer...
É-me particularmente difícil, ou penoso, conceber a existência de um ser humano que possa dizer mal de um só modelo da Porsche.
Só mesmo na nossa terra haverá o perigo da compra/importação de um Trabi ficar mais cara do que a de um Porsche, visto rebentar com qualquer escala de emissão de CO2...
P.S. - 1969? :-)
O Trabant é aquele carro que tem desembaceador no vidro traseiro, para que um tipo possa empurrar o carro sempre com as mãos quentinhas, não é?
Who said I'm human?
...look at the wings, dude... ;)
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