Pudor, discrição, sentido do ridículo: coisas simples, dear M.
A semana passada, Gonçalo M. Tavares foi o convidado do Expresso para falar sobre o «filme da sua vida». O realizador privilegiado foi Dreyer e a distinção coube a Ordet. Onde quer que esteja, o dinamarquês Carlos Teodoro não deve caber em sim de contente. E o que nos disse Gonçalo M. Tavares, com aquele olhar de cocker spaniel e semblante de quem está sempre em processo de profunda, grave e séria elucubração sobre a condição humana? Pois que foi ver o filme com um «amigo» e que «chorou abundantemente» durante o seu visionamento. Tudo bem. A história é, de facto, emocionante. Ordet, uma obra-prima. Mas serei eu o único a achar completamente ridículas e patetas estas confissões públicas sobre estados de alma privados que nada adiantam ao tema em apreço? Gonçalo M. Tavares quis provar o quê? Que é sensível? Que compreendeu, como poucos, o alcance da obra? Que o seu próprio génio emocional andou de mãos dadas com o do realizador, naquela que terá sido a mais perfeita síntese a que já se assistiu em Portugal entre espectador/cinéfilo e realizador/autor? Que o amigo que o acompanhou, pode provar, em sede própria, a espantosa comoção do sensível Gonçalo? Que Gonçalo chora como um cocker spaniel? Por outras palavras (e pardon my english): who gives a shit about Gonçalo’s ordeal?
4 Comentários:
His mom?...
Este blog foi distinguido com o Prémio Dardos
Ver em: http://banhosquentes.blogspot.com/
Caro Senhor,
Em vez do grito, respire. Em vez de bater, olhe longamente para as mãos.
Uma vénia.
Assim farei. Obrigado.
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