O declínio
Uma aluna agride verbal e fisicamente uma professora, numa escola «normal», ou, se quiserem, não «problemática». As filmagens dessa agressão chegaram ao YouTube. Aparentemente, um coleguinha filmou tudo.
Do que é que estamos a falar?
Da amoralidade vigente entre os «jovens», onde o «respeito» é uma bizarria própria dos fracos e o «certo» e o «errado» noções à la carte, apreendidas entre a apatia generalizada dos progenitores e os episódios dos Morangos com Açúcar?
Da criminosa ausência do exercício da autoridade por parte de pais, educadores de infância, professores e auxiliares, para quem a criança passou a ser um misto de papão - a quem é preciso tratar com cuidado sob pena de «revolta» - e vítima - permeável a traumas indizíveis?
De uma cultura pop estupidificante e acéfala, onde, em matéria de educação e maneiras, se cultiva a bestialização de tudo o que seja clássico e antigo – numa palavra «quadrado» - e se glorifica toda e qualquer next big thing?
Do facto de ter passado a ser anedota a velha máxima de que “a idade é um posto”?
Da falta de prestigio e de respeitabilidade dos professores nas escolas, consequência de políticas educativas que burocratizaram e baralharam a sua função, e conferiram aos professores um estatuto de fragilidade e vulnerabilidade que faz com que seja vox populi a ideia de que «o professor não só não manda como já nada pode fazer contra os alunos mal comportados»?
Não. Dizem-nos que não. O mundo, aparentemente, mudou. Os paradigmas são agora outros. A moral deve adaptar-se a «contextos», a «especificidades» acessórias e transitórias. Perante o vídeo da agressão da aluna à professora e da atitude abjectamente contemplativa dos colegas, há que enveredar por congeminações relativistas sobre a cronenberguiana «extensão natural do corpo» que constituí um telemóvel, ou por criticas em relação ao comportamento do agente que detém o poder – neste caso a professora – apelidando-o, depois de aturado estudo, de «desadequado», «desajeitado», «impróprio» ou até mesmo «agressivo» (facto que potenciou o desvio comportamental da jovem e inocente aluna). Ou, ainda, desvalorizando aquilo que apelidam de «epifenómenos» (isolados e extraordinários). Elucubrações, aliás, vindas, provavelmente, de psis, pedagogos e intelectuais que, nos seus papeis de pais, também falham em «domar» a «besta» que habita lá em casa (por ausência ou benevolência exacerbadas) e fogem do óbvio para disfarçar a sua própria indigência moral.
Os «valores» de «antigamente» são isso mesmo: despojos de um mundo extinto, sobre o qual já não interessa falar e que apenas certos líricos ainda crêem ser possível sustentar. É este o caldo cultural e social em que vivemos. E agora, reparem: para cúmulo, é este o caldo que potencia a vertigem legalista de governos centralistas, maximalistas e paternalistas (como é o caso do presente), que crêem que a função do Estado é também a de cunhar uma nova linhagem de homens ou a de moldar a actual por decreto. Até à perfeição.
Do que é que estamos a falar?
Da amoralidade vigente entre os «jovens», onde o «respeito» é uma bizarria própria dos fracos e o «certo» e o «errado» noções à la carte, apreendidas entre a apatia generalizada dos progenitores e os episódios dos Morangos com Açúcar?
Da criminosa ausência do exercício da autoridade por parte de pais, educadores de infância, professores e auxiliares, para quem a criança passou a ser um misto de papão - a quem é preciso tratar com cuidado sob pena de «revolta» - e vítima - permeável a traumas indizíveis?
De uma cultura pop estupidificante e acéfala, onde, em matéria de educação e maneiras, se cultiva a bestialização de tudo o que seja clássico e antigo – numa palavra «quadrado» - e se glorifica toda e qualquer next big thing?
Do facto de ter passado a ser anedota a velha máxima de que “a idade é um posto”?
Da falta de prestigio e de respeitabilidade dos professores nas escolas, consequência de políticas educativas que burocratizaram e baralharam a sua função, e conferiram aos professores um estatuto de fragilidade e vulnerabilidade que faz com que seja vox populi a ideia de que «o professor não só não manda como já nada pode fazer contra os alunos mal comportados»?
Não. Dizem-nos que não. O mundo, aparentemente, mudou. Os paradigmas são agora outros. A moral deve adaptar-se a «contextos», a «especificidades» acessórias e transitórias. Perante o vídeo da agressão da aluna à professora e da atitude abjectamente contemplativa dos colegas, há que enveredar por congeminações relativistas sobre a cronenberguiana «extensão natural do corpo» que constituí um telemóvel, ou por criticas em relação ao comportamento do agente que detém o poder – neste caso a professora – apelidando-o, depois de aturado estudo, de «desadequado», «desajeitado», «impróprio» ou até mesmo «agressivo» (facto que potenciou o desvio comportamental da jovem e inocente aluna). Ou, ainda, desvalorizando aquilo que apelidam de «epifenómenos» (isolados e extraordinários). Elucubrações, aliás, vindas, provavelmente, de psis, pedagogos e intelectuais que, nos seus papeis de pais, também falham em «domar» a «besta» que habita lá em casa (por ausência ou benevolência exacerbadas) e fogem do óbvio para disfarçar a sua própria indigência moral.
Os «valores» de «antigamente» são isso mesmo: despojos de um mundo extinto, sobre o qual já não interessa falar e que apenas certos líricos ainda crêem ser possível sustentar. É este o caldo cultural e social em que vivemos. E agora, reparem: para cúmulo, é este o caldo que potencia a vertigem legalista de governos centralistas, maximalistas e paternalistas (como é o caso do presente), que crêem que a função do Estado é também a de cunhar uma nova linhagem de homens ou a de moldar a actual por decreto. Até à perfeição.
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