Comentários #2
Por mail, do Elefante:
Caro Mac,
Acho um bocado idiota comentar aquilo com que concordamos sem reservas, mas sublinho, pronto.
No tempo em que saía o single do Common People, decorria a conveniente guerra pop Blur vs Oasis. Lembro-me de ter lido algures que os Oasis se levavam demasiado a sério, que os Pulp nunca se levavam a sério e que os Blur seriam a medida certa destes dois. Assim sendo, os Pulp estavam desde logo afastados de qualquer tipo de combate ‘sério’. O que estas almas nunca entendem é que a pop não é para se levar a sério, pelo menos (ou sobretudo, agora nem sei bem) por quem a toca. O objectivo da pop, ou pelo menos o que eu procuro, são canções (e refrãos, outra conversa, e também igualmente difícil). Por qualquer razão criou-se uma ideia de que isto é fácil. Música boa, bem tocada ou harmonicamente impecável não deve ser fácil de fazer, mas raramente foi o mais importante de uma boa canção pop, e não tenho dúvidas que uma das regras é um gajo não se levar a sério.
Isto é, um tipo tem que saber que não está a fazer nada melhor do que ninguém, mas está a seguir o caminho mais simples para chegar a um objectivo. Por muito que me custe a engolir poucos houve que o fizessem tão bem como os Beatles. Os Pixies sabiam perfeitamente como chegar lá, mostraram-no e nunca o fizeram. Os Nirvana, acredito, queriam muito chegar lá e nunca o conseguiram. Os Pulp faziam-no com grande facilidade e fizeram-no algumas vezes. Os Blur devem tê-lo conseguido uma vez, e não com o Boys and Girls. Os Oasis pensavam que tinham uma fórmula, mas a verdade é que ainda não há. Há dezenas de outros exemplos bem e mal sucedidos, bem como exemplos de quem não quer nada disto. A verdade é que chegar lá é questão de intuição. E ouvir muita música. Como no jazz, em que o mais importante é ouvir. (a propósito, e estando o jazz nas antípodas da pop aqui e ali, diria que o Caravan do Duke Ellington é uma excelente música pop).
É melhor parar. Ia só acrescentar que é importante entender o que é isto de ‘se levar a sério’. Para não sair dos exemplos que já cá estão, os Oasis nunca se levaram a sério no que é realmente importante e por isso têm este fim triste. Os Pulp entenderam qual é a única altura em que um gajo não se deve levar a sério.
Acho sinceramente que o Babies é uma música mais bem feita que o Common People. Deu mais trabalho e, apostava, mais gozo a fazer e a tocar. Mas o Common People é uma canção sem mácula, que nos agarra logo e que parece feita de propósito (as músicas nunca são feitas de propósito). Voto para melhor canção dos Pulp, que são, é lógico, a banda pop mais subvalorizada de todos os tempos. É música que se há-de ouvir daqui a muitos anos e sem ter sido levada ao colo.
PS: Já agora, caro Elefante, o Caravan é, de facto, sublime. Perfeito. Um clássico absoluto da pop, do jazz, da clássica, etc. Oasis? A mais sobrevalorizada banda pop de sempre.
Caro Mac,
Acho um bocado idiota comentar aquilo com que concordamos sem reservas, mas sublinho, pronto.
No tempo em que saía o single do Common People, decorria a conveniente guerra pop Blur vs Oasis. Lembro-me de ter lido algures que os Oasis se levavam demasiado a sério, que os Pulp nunca se levavam a sério e que os Blur seriam a medida certa destes dois. Assim sendo, os Pulp estavam desde logo afastados de qualquer tipo de combate ‘sério’. O que estas almas nunca entendem é que a pop não é para se levar a sério, pelo menos (ou sobretudo, agora nem sei bem) por quem a toca. O objectivo da pop, ou pelo menos o que eu procuro, são canções (e refrãos, outra conversa, e também igualmente difícil). Por qualquer razão criou-se uma ideia de que isto é fácil. Música boa, bem tocada ou harmonicamente impecável não deve ser fácil de fazer, mas raramente foi o mais importante de uma boa canção pop, e não tenho dúvidas que uma das regras é um gajo não se levar a sério.
Isto é, um tipo tem que saber que não está a fazer nada melhor do que ninguém, mas está a seguir o caminho mais simples para chegar a um objectivo. Por muito que me custe a engolir poucos houve que o fizessem tão bem como os Beatles. Os Pixies sabiam perfeitamente como chegar lá, mostraram-no e nunca o fizeram. Os Nirvana, acredito, queriam muito chegar lá e nunca o conseguiram. Os Pulp faziam-no com grande facilidade e fizeram-no algumas vezes. Os Blur devem tê-lo conseguido uma vez, e não com o Boys and Girls. Os Oasis pensavam que tinham uma fórmula, mas a verdade é que ainda não há. Há dezenas de outros exemplos bem e mal sucedidos, bem como exemplos de quem não quer nada disto. A verdade é que chegar lá é questão de intuição. E ouvir muita música. Como no jazz, em que o mais importante é ouvir. (a propósito, e estando o jazz nas antípodas da pop aqui e ali, diria que o Caravan do Duke Ellington é uma excelente música pop).
É melhor parar. Ia só acrescentar que é importante entender o que é isto de ‘se levar a sério’. Para não sair dos exemplos que já cá estão, os Oasis nunca se levaram a sério no que é realmente importante e por isso têm este fim triste. Os Pulp entenderam qual é a única altura em que um gajo não se deve levar a sério.
Acho sinceramente que o Babies é uma música mais bem feita que o Common People. Deu mais trabalho e, apostava, mais gozo a fazer e a tocar. Mas o Common People é uma canção sem mácula, que nos agarra logo e que parece feita de propósito (as músicas nunca são feitas de propósito). Voto para melhor canção dos Pulp, que são, é lógico, a banda pop mais subvalorizada de todos os tempos. É música que se há-de ouvir daqui a muitos anos e sem ter sido levada ao colo.
PS: Já agora, caro Elefante, o Caravan é, de facto, sublime. Perfeito. Um clássico absoluto da pop, do jazz, da clássica, etc. Oasis? A mais sobrevalorizada banda pop de sempre.
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