Da (in)governabilidade e do sistema
Anda por aí um grande sururu a propósito do «debate» lançado à liça por Pacheco Pereira e repescado por Jorge Sampaio (sob perspectivas e modos diferentes, é certo) sobre a putativa ingovernabilidade do país à falta de maiorias absolutas de um só partido (debate que voltou a colocar em cima da mesa a problemática da proporcionalidade, da redução do número de deputados e do papel do Presidente). Certo. O habitual. Sem querer dar ares de quem parece querer distribuir chapada entre plebe e sapiência aos ignaros, de olhar turvo e tedioso de ser repleto, gostaria de dizer uma coisinha.
Deixemos de lado, por uma vez, o cerimonial dogmático e a palavrosa opinião dos ilustres e especialistas. A verdade é esta: o que se pretende arranjar é uma forma mais ou menos ardilosa de rodear o problema da falta de cultura democrática e da imaturidade atávica dos partidos-franja: BE, PCP e, em menor grau, CDS-PP. O problema é, aliás, bem mais preocupante à esquerda. A distância que dista do BE ou do PCP ao PS é bem maior que a do CDS ao PSD. Existe um fosso quase intransponível entre uma esquerda que se quer ou se afirma democrática - «moderna», de olhar posto em «novas fronteiras» (independentemente de serem já velhas) - e uma esquerda ressabiada, empedernida e irrealista, que vive por estes dias de mãos dadas com a mais reles demagogia e o mais confrangedor populismo. Não se trata de os tomar por papões, ogres ou mafarricos. Faça-se apenas o lúdico exercício de imaginar Louçã ou Jerónimo a debater ou a negociar com Sócrates a reforma das leis laborais; a política externa; as políticas de apoio à iniciativa privada; a reforma do Estadão; a economia globalizada; a liberalização de certos sectores da economia; etc. O nível de intransigência e intolerância, aliado ao espírito de cruzada que hoje caracteriza o modus operandi destes partidos, reduzem a margem de negociação e de entendimento para níveis irrisórios. O problema não está, nem nunca esteve, nos governos de coligação. Encontramo-los por toda a Europa e por todo o mundo dito civilizado. Funcionam. Alcançam-se entendimentos, promovem-se compromissos, celebram-se acordos mais ou menos estáveis. Ninguém fica «refém» de ninguém. No caso português, as «forças de bloqueio» não advêm da forma, mas sim do conteúdo programático e pragmático de certos partidos, sintomático da falta de cultura democrática - que invariavelmente reflecte o que somos - e que os empurra para uma soberba radical e uma presunção asséptica contra o «sistema». Uma postura que os coloca «fora do mundo» (o que dá imenso jeito, em matéria de latitude critica e verborreica). O problema, repito, nunca esteve no sistema. Mudar o sistema é cosmética. A questão vai bem mais fundo do que se pensa.
Deixemos de lado, por uma vez, o cerimonial dogmático e a palavrosa opinião dos ilustres e especialistas. A verdade é esta: o que se pretende arranjar é uma forma mais ou menos ardilosa de rodear o problema da falta de cultura democrática e da imaturidade atávica dos partidos-franja: BE, PCP e, em menor grau, CDS-PP. O problema é, aliás, bem mais preocupante à esquerda. A distância que dista do BE ou do PCP ao PS é bem maior que a do CDS ao PSD. Existe um fosso quase intransponível entre uma esquerda que se quer ou se afirma democrática - «moderna», de olhar posto em «novas fronteiras» (independentemente de serem já velhas) - e uma esquerda ressabiada, empedernida e irrealista, que vive por estes dias de mãos dadas com a mais reles demagogia e o mais confrangedor populismo. Não se trata de os tomar por papões, ogres ou mafarricos. Faça-se apenas o lúdico exercício de imaginar Louçã ou Jerónimo a debater ou a negociar com Sócrates a reforma das leis laborais; a política externa; as políticas de apoio à iniciativa privada; a reforma do Estadão; a economia globalizada; a liberalização de certos sectores da economia; etc. O nível de intransigência e intolerância, aliado ao espírito de cruzada que hoje caracteriza o modus operandi destes partidos, reduzem a margem de negociação e de entendimento para níveis irrisórios. O problema não está, nem nunca esteve, nos governos de coligação. Encontramo-los por toda a Europa e por todo o mundo dito civilizado. Funcionam. Alcançam-se entendimentos, promovem-se compromissos, celebram-se acordos mais ou menos estáveis. Ninguém fica «refém» de ninguém. No caso português, as «forças de bloqueio» não advêm da forma, mas sim do conteúdo programático e pragmático de certos partidos, sintomático da falta de cultura democrática - que invariavelmente reflecte o que somos - e que os empurra para uma soberba radical e uma presunção asséptica contra o «sistema». Uma postura que os coloca «fora do mundo» (o que dá imenso jeito, em matéria de latitude critica e verborreica). O problema, repito, nunca esteve no sistema. Mudar o sistema é cosmética. A questão vai bem mais fundo do que se pensa.
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