ESTAMOS ENTREGUES AOS BICHOS
(do Comentador Oficial do Eixo do Mal)
Ontem, no programa "O Eixo do Mal", e com a cumplicidade de todos os presentes, o tema foi: “A total descredibilização da Justiça em Portugal e a prematura absolvição de Carlos Cruz.”
Nada nem ninguém – judiciária, ministério público, juizes, procurador, prisões, polícia, trolhas – foi poupado. O retrato é claro: a justiça em Portugal é uma merda. En passant, a absolvição de Carlos Cruz esteve ao rubro. Clara Ferreira Alves, por exemplo, agitava o livro de Carlos Cruz e quase que gritava “eis a Verdade”. Daniel Oliveira garantia, como só ele consegue garantir: o processo já nasceu torto e vai acabar morto. Sobre as vitimas, nada se disse. Houve apenas uma referência ao facto de «as crianças raramente dizerem a verdade» ou «mentirem muito» (o que vai dar ao mesmo). As vítimas, aliás, passaram a ser todos (arguidos, queixosos, advogados, etc.), o culpado, esse é só um: a justiça portuguesa. O velho princípio da “presunção da inocência” veio à baila dezenas de vezes, mas ninguém ousou presumir um resquício de competência a magistrados e investigadores, apesar de, e para além dos inevitáveis erros de um mega processo extremamente complexo e com muita gente interessada em achincalhá-lo (o que se poderá também presumir é a infalibilidade dos presentes nas suas profissões). Depois, mostraram-se imagens de populares a gritar «morte aos pedófilos», e a coisa ficou composta. Ninguém se mostrou na disposição de esperar pelo desenrolar e fim do julgamento, porque a disposição é já outra: tudo não passa de uma grande farsa! Por que é que esta cambada de idiotas não leu o livrinho do Cruz e pronto? Para quê tanta investigação? E os jornalistas, igualmente trucidados no programa por via da generalização, por que razão foram mexer na porcaria? Em suma: estamos entregues aos bichos. E assim aconteceu: estiveram todos de acordo, todos se revelaram esclarecidos. O tema era, afinal, trivial e as conclusões «evidentes». Bonito, o programa de ontem. Quero mais.
Ontem, no programa "O Eixo do Mal", e com a cumplicidade de todos os presentes, o tema foi: “A total descredibilização da Justiça em Portugal e a prematura absolvição de Carlos Cruz.”
Nada nem ninguém – judiciária, ministério público, juizes, procurador, prisões, polícia, trolhas – foi poupado. O retrato é claro: a justiça em Portugal é uma merda. En passant, a absolvição de Carlos Cruz esteve ao rubro. Clara Ferreira Alves, por exemplo, agitava o livro de Carlos Cruz e quase que gritava “eis a Verdade”. Daniel Oliveira garantia, como só ele consegue garantir: o processo já nasceu torto e vai acabar morto. Sobre as vitimas, nada se disse. Houve apenas uma referência ao facto de «as crianças raramente dizerem a verdade» ou «mentirem muito» (o que vai dar ao mesmo). As vítimas, aliás, passaram a ser todos (arguidos, queixosos, advogados, etc.), o culpado, esse é só um: a justiça portuguesa. O velho princípio da “presunção da inocência” veio à baila dezenas de vezes, mas ninguém ousou presumir um resquício de competência a magistrados e investigadores, apesar de, e para além dos inevitáveis erros de um mega processo extremamente complexo e com muita gente interessada em achincalhá-lo (o que se poderá também presumir é a infalibilidade dos presentes nas suas profissões). Depois, mostraram-se imagens de populares a gritar «morte aos pedófilos», e a coisa ficou composta. Ninguém se mostrou na disposição de esperar pelo desenrolar e fim do julgamento, porque a disposição é já outra: tudo não passa de uma grande farsa! Por que é que esta cambada de idiotas não leu o livrinho do Cruz e pronto? Para quê tanta investigação? E os jornalistas, igualmente trucidados no programa por via da generalização, por que razão foram mexer na porcaria? Em suma: estamos entregues aos bichos. E assim aconteceu: estiveram todos de acordo, todos se revelaram esclarecidos. O tema era, afinal, trivial e as conclusões «evidentes». Bonito, o programa de ontem. Quero mais.
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