O MEU MAIS RECÔNDITO DESEJO
Depois de aturado e apurado estudo, cheguei à conclusão de que são dois os resultados possíveis: ou ganha Bush, ou ganha Kerry. Palmas, por favor.
De acordo com Charlie Brooker, no The Guardian, o «mundo civilizado» reza para que Bush perca. Os incivilizados desejam o resultado oposto. Claro. Evidente.
Não sei se Bush ganhará. Não sei se merece ganhar. Apesar de politicamente ser o meu candidato, e de rezar para que os presunçosos e sofisticados calem a boca com a derrota de Kerry, tenho o recôndito e secreto desejo de ver Kerry eleito presidente dos EUA. Razões? Várias.
Em primeiro lugar, Michael Moore e quejandos perderiam, no curto prazo, as razões da sua nobilíssima actividade propagandista: sem «idiota» e sem «extremista» deixaria de haver circo.
Em segundo lugar, uma vitória de Kerry representaria um monumental anti-climax. É bom não esquecer que Bush foi a melhor coisa que aconteceu à esquerda nas últimas décadas. Sem Bush, ou seja, sem um «idiota» com quem zombar, sem um «mentiroso» para denunciar, sem um demónio na cadeira da mais poderosa nação do mundo para derrubar, a esquerda perderia os elementos que a atiçam, que a estimulam, que a excitam: as velhas lutas e as mais nobres causas contra um inimigo público preferencial, quase que feito à medida das suas obsessões.
Em terceiro lugar, seria de um gozo extremo assistir à vastíssima desilusão que representaria Kerry in action. Falo, obviamente, do momento em que a esquerda perceberia que, na prática, as semelhanças entre Bush e Kerry suplantariam, em muito, as diferenças que, actualmente, meio mundo inventa e a outra metade sonha. Levaria muito pouco tempo até à percepção do óbvio: Kerry a defender os ímpios interesses norte-americanos abroad; Kerry a levar a cabo a luta contra o terrorismo com o recurso à força; Kerry a apoiar Israel; Kerry a aprender, como bom aluno que é, que o seu masterplan de apaziguamento e concórdia não encaixa propriamente no tipo de interesses e propósitos da reabilitada «velha» Europa, de Chirac, Schröder e Zapatero; Kerry a constatar que, à excepção de Inglaterra, os camaradas das Nações Unidas não estão dispostos a sujar as manápulas no Iraque ou noutros pontos negros do globo terrestre.
Yes, folks, é esse o meu mais recôndito desejo: assistir à desilusão da esquerda e obrigá-la a estudar um pouco, só um pouco, da parte final da história do século passado (os anos de Clinton, por exemplo). Talvez então entendessem o que é que correu mal com o seu wonderboy Kerry.
Entretanto, nos Alfas de Évora – onde só costuma pontificar o mainstream do mainstream - estreou, esta semana, o Fahrenheit 9/11. Pura coincidência. As preces estão ao rubro.
De acordo com Charlie Brooker, no The Guardian, o «mundo civilizado» reza para que Bush perca. Os incivilizados desejam o resultado oposto. Claro. Evidente.
Não sei se Bush ganhará. Não sei se merece ganhar. Apesar de politicamente ser o meu candidato, e de rezar para que os presunçosos e sofisticados calem a boca com a derrota de Kerry, tenho o recôndito e secreto desejo de ver Kerry eleito presidente dos EUA. Razões? Várias.
Em primeiro lugar, Michael Moore e quejandos perderiam, no curto prazo, as razões da sua nobilíssima actividade propagandista: sem «idiota» e sem «extremista» deixaria de haver circo.
Em segundo lugar, uma vitória de Kerry representaria um monumental anti-climax. É bom não esquecer que Bush foi a melhor coisa que aconteceu à esquerda nas últimas décadas. Sem Bush, ou seja, sem um «idiota» com quem zombar, sem um «mentiroso» para denunciar, sem um demónio na cadeira da mais poderosa nação do mundo para derrubar, a esquerda perderia os elementos que a atiçam, que a estimulam, que a excitam: as velhas lutas e as mais nobres causas contra um inimigo público preferencial, quase que feito à medida das suas obsessões.
Em terceiro lugar, seria de um gozo extremo assistir à vastíssima desilusão que representaria Kerry in action. Falo, obviamente, do momento em que a esquerda perceberia que, na prática, as semelhanças entre Bush e Kerry suplantariam, em muito, as diferenças que, actualmente, meio mundo inventa e a outra metade sonha. Levaria muito pouco tempo até à percepção do óbvio: Kerry a defender os ímpios interesses norte-americanos abroad; Kerry a levar a cabo a luta contra o terrorismo com o recurso à força; Kerry a apoiar Israel; Kerry a aprender, como bom aluno que é, que o seu masterplan de apaziguamento e concórdia não encaixa propriamente no tipo de interesses e propósitos da reabilitada «velha» Europa, de Chirac, Schröder e Zapatero; Kerry a constatar que, à excepção de Inglaterra, os camaradas das Nações Unidas não estão dispostos a sujar as manápulas no Iraque ou noutros pontos negros do globo terrestre.
Yes, folks, é esse o meu mais recôndito desejo: assistir à desilusão da esquerda e obrigá-la a estudar um pouco, só um pouco, da parte final da história do século passado (os anos de Clinton, por exemplo). Talvez então entendessem o que é que correu mal com o seu wonderboy Kerry.
Entretanto, nos Alfas de Évora – onde só costuma pontificar o mainstream do mainstream - estreou, esta semana, o Fahrenheit 9/11. Pura coincidência. As preces estão ao rubro.
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