ATÉ ONDE?
Tenho, confesso, alguma dificuldade em lidar com situações suscitadas por quem não se coíbe de mandar às malvas aquilo a que comummente se passou a designar de «honestidade intelectual» - uma expressão meio difusa mas cujo entendimento está mais ou menos assimilado entre pares.
JMF – para quem não sabe, um blogger que me costuma presentear com farpas e estilhaços e que, confrontado com o troco, gosta de adoptar uma pose híbrida, que mistura a de Calimero com a de virgem ofendida – insiste na equivalência entre as declarações de Rocco Buttiglione – por exemplo, de que a homossexualidade é, para ele, um pecado – e a frase “Hitler não fez bem o seu trabalho”.
Diz JMF que são “exactamente da mesma intolerância quando falamos da perseguição aos judeus e dos ataques aos homossexuais ou às mães solteiras pelo fanático Buttiglione”(sic). E termina com mais uma insinuaçãozinha a roçar a ofensa.
JMF escreveu um dia uma coisa carregada de ironia, a mim dirigida, a qual passo a transcrever: ”aconselharam-me hoje vivamente a não utilizar expressões do tipo «bardamerda» no blogue. Pelo que, além de não poder comemorar devidamente alguns eventos marcantes do PREC, fico claramente limitado no que respeita a um vasto conjunto de debates que alimentam a nossa blogosfera. É pena.” Ou seja, dizendo que não o devia dizer, disse-o na mesma. Atirou-me com a B-word.
É verdade: ainda há doze minutos atrás me aconselharam a não utilizar a B-word mas, como o próprio nome deste blogue indica, empurraram-me precisamente na direcção oposta.
Repito-me, então: mando daqui um bardamerda a quem não perceber o quão grotesca e desajustada foi, e é, aquela equivalência.
Relembro o que disse Buttiglione:
"I may think that homosexuality is a sin, and this has no effect on politics, unless I say that homosexuality is a crime."
"The state has no right to stick its nose into these things and nobody can be discriminated against on the basis of sexual orientation... this stands in the Charter of Human Rights, this stands in the Constitution and I have pledged to defend this constitution".
Pergunto: como é possível alguém comparar, equivalendo, as declarações de Butiglione – que não põem em causa a vida e a existência de ninguém - com a vontade expressa de ver mortos todos os judeus e de lamentar que Hitler não o tenha feito em tempo útil?
A sério: como é possível equivaler a frase «Hitler não fez bem o seu trabalho» a uma posição que advém de um preconceito religioso (considerar a homossexualidade um pecado), na qual ninguém sugere «perseguição», descriminação e muito menos o extermínio de outro ser humano?
São «intolerâncias» do mesmo tipo? Do mesmo tipo?! Considerar que a homossexualidade é um pecado – não um crime, não uma aberração da natureza, não uma anormalidade – é o mesmo que insinuar que todos os homossexuais devem ser perseguidos e exterminados por pertencerem a uma raça inferior? Um católico mais fervoroso, daqueles que leva mais à letra os preceitos religiosos, pode ser colocado no mesmo saco de nazis e racistas?
Até que profundidade se está disposto a ir em matéria de comparações, para servir mais uma retórica da treta?
JMF – para quem não sabe, um blogger que me costuma presentear com farpas e estilhaços e que, confrontado com o troco, gosta de adoptar uma pose híbrida, que mistura a de Calimero com a de virgem ofendida – insiste na equivalência entre as declarações de Rocco Buttiglione – por exemplo, de que a homossexualidade é, para ele, um pecado – e a frase “Hitler não fez bem o seu trabalho”.
Diz JMF que são “exactamente da mesma intolerância quando falamos da perseguição aos judeus e dos ataques aos homossexuais ou às mães solteiras pelo fanático Buttiglione”(sic). E termina com mais uma insinuaçãozinha a roçar a ofensa.
JMF escreveu um dia uma coisa carregada de ironia, a mim dirigida, a qual passo a transcrever: ”aconselharam-me hoje vivamente a não utilizar expressões do tipo «bardamerda» no blogue. Pelo que, além de não poder comemorar devidamente alguns eventos marcantes do PREC, fico claramente limitado no que respeita a um vasto conjunto de debates que alimentam a nossa blogosfera. É pena.” Ou seja, dizendo que não o devia dizer, disse-o na mesma. Atirou-me com a B-word.
É verdade: ainda há doze minutos atrás me aconselharam a não utilizar a B-word mas, como o próprio nome deste blogue indica, empurraram-me precisamente na direcção oposta.
Repito-me, então: mando daqui um bardamerda a quem não perceber o quão grotesca e desajustada foi, e é, aquela equivalência.
Relembro o que disse Buttiglione:
"I may think that homosexuality is a sin, and this has no effect on politics, unless I say that homosexuality is a crime."
"The state has no right to stick its nose into these things and nobody can be discriminated against on the basis of sexual orientation... this stands in the Charter of Human Rights, this stands in the Constitution and I have pledged to defend this constitution".
Pergunto: como é possível alguém comparar, equivalendo, as declarações de Butiglione – que não põem em causa a vida e a existência de ninguém - com a vontade expressa de ver mortos todos os judeus e de lamentar que Hitler não o tenha feito em tempo útil?
A sério: como é possível equivaler a frase «Hitler não fez bem o seu trabalho» a uma posição que advém de um preconceito religioso (considerar a homossexualidade um pecado), na qual ninguém sugere «perseguição», descriminação e muito menos o extermínio de outro ser humano?
São «intolerâncias» do mesmo tipo? Do mesmo tipo?! Considerar que a homossexualidade é um pecado – não um crime, não uma aberração da natureza, não uma anormalidade – é o mesmo que insinuar que todos os homossexuais devem ser perseguidos e exterminados por pertencerem a uma raça inferior? Um católico mais fervoroso, daqueles que leva mais à letra os preceitos religiosos, pode ser colocado no mesmo saco de nazis e racistas?
Até que profundidade se está disposto a ir em matéria de comparações, para servir mais uma retórica da treta?
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