A VER SE É DESTA
Quando lhe convém, JMF assume ares de desentendido. Aquilo que afirmei é tão simples e claro que só mesmo por arrebatamento retórico se pode distorcer. Vamos lá ver se é desta, caro JMF: não vou contestar a ideia de que os actos cometidos contra os judeus e a comunidade judaica poderão estar associados ao conflito no médio-oriente, mas quer-me parecer que o sentimento antisemita (o velho e conhecido ódio aos judeus, que sempre esteve presente em certas franjas da sociedade francesa e que parte da comunidade árabe recebe de braços abertos) tem forte ponderação na equação que explica as causas desses actos. Ou seja, como referi, estamos na presença de um misto de motivações (daí eu ter dito ser “muito difícil separar o que são actos contestatários da política do Estado de Israel, do que são actos de racismo puramente antisemitas”), embora, ao contrário de JMF, eu acredito que o principal combustível seja o antisemitismo primário, coadjuvado pela “loucura do médio-oriente” como pretexto. Atente-se no tipo de actos, nos alvos e na forma como são perpetrados. É óbvio que essas acções intimidativas e agressivas não fazem parte de um masterplan global contra os judeus. Deixemo-nos de teorias da conspiração. Mas é bom perceber, de uma vez por todas, que estamos perante um problema com roupagens antigas. Afinal, aquilo que se passa em França, ou em Inglaterra, acaba por ser uma mimetização do que se passa a montante, por terras do médio-oriente, não só por via das «opções políticas» do Sr. Sharon (ele que parece ser sempre o único culpado na retórica de certos analistas), mas, também, e sobretudo, porque há muito que se incute e se promove, em certos meios de forma doutrinária, esse antisemitismo de velhos tempos. Basta lembrar que a maior parte dos livros escolares árabes omite a existência de Israel. Basta lembrar que os Protocolos e o Mein Kempf continuam em alta, na lista dos livros mais vendidos. Basta lembrar que as histórias que envolvem o sacrifício de bebés para efeitos culinários, por parte dos judeus, ainda correm a bom correr em muitos meios árabes.
Lembro, ainda, outro facto. Em 2001, os chefes das comunidades judaica e muçulmana, em Portugal, com o patrocínio de D. José Policarpo, redigiram um documento com o objectivo de aproximar as respectivas comunidades, evidenciando os laços que as unem (e que são historicamente evidentes) e perspectivando uma coabitação pacífica e respeitadora, independentemente do que se passava no médio-oriente. Desde então, como, aliás, quase sempre, não se registaram actos de natureza beligerante ou agressora entre membros de ambas as comunidades. E, no entanto, de então para cá, a “loucura do médio-oriente” acentuou-se. O que se passará, então, de diferente em França? (sim, é uma pergunta de retórica)
Quando lhe convém, JMF assume ares de desentendido. Aquilo que afirmei é tão simples e claro que só mesmo por arrebatamento retórico se pode distorcer. Vamos lá ver se é desta, caro JMF: não vou contestar a ideia de que os actos cometidos contra os judeus e a comunidade judaica poderão estar associados ao conflito no médio-oriente, mas quer-me parecer que o sentimento antisemita (o velho e conhecido ódio aos judeus, que sempre esteve presente em certas franjas da sociedade francesa e que parte da comunidade árabe recebe de braços abertos) tem forte ponderação na equação que explica as causas desses actos. Ou seja, como referi, estamos na presença de um misto de motivações (daí eu ter dito ser “muito difícil separar o que são actos contestatários da política do Estado de Israel, do que são actos de racismo puramente antisemitas”), embora, ao contrário de JMF, eu acredito que o principal combustível seja o antisemitismo primário, coadjuvado pela “loucura do médio-oriente” como pretexto. Atente-se no tipo de actos, nos alvos e na forma como são perpetrados. É óbvio que essas acções intimidativas e agressivas não fazem parte de um masterplan global contra os judeus. Deixemo-nos de teorias da conspiração. Mas é bom perceber, de uma vez por todas, que estamos perante um problema com roupagens antigas. Afinal, aquilo que se passa em França, ou em Inglaterra, acaba por ser uma mimetização do que se passa a montante, por terras do médio-oriente, não só por via das «opções políticas» do Sr. Sharon (ele que parece ser sempre o único culpado na retórica de certos analistas), mas, também, e sobretudo, porque há muito que se incute e se promove, em certos meios de forma doutrinária, esse antisemitismo de velhos tempos. Basta lembrar que a maior parte dos livros escolares árabes omite a existência de Israel. Basta lembrar que os Protocolos e o Mein Kempf continuam em alta, na lista dos livros mais vendidos. Basta lembrar que as histórias que envolvem o sacrifício de bebés para efeitos culinários, por parte dos judeus, ainda correm a bom correr em muitos meios árabes.
Lembro, ainda, outro facto. Em 2001, os chefes das comunidades judaica e muçulmana, em Portugal, com o patrocínio de D. José Policarpo, redigiram um documento com o objectivo de aproximar as respectivas comunidades, evidenciando os laços que as unem (e que são historicamente evidentes) e perspectivando uma coabitação pacífica e respeitadora, independentemente do que se passava no médio-oriente. Desde então, como, aliás, quase sempre, não se registaram actos de natureza beligerante ou agressora entre membros de ambas as comunidades. E, no entanto, de então para cá, a “loucura do médio-oriente” acentuou-se. O que se passará, então, de diferente em França? (sim, é uma pergunta de retórica)
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