O RETRATO DE UM ANTI-DEMOCRATA
O Sr. José Saramago, político de renome internacional (ganhou, se bem se lembram, um Nobel), fez questão de se notar na lista de candidatos do Partido Comunista Português às eleições europeias, ao mesmo tempo que lançava o seu mais recente opúsculo. Decidiu, entretanto (pura coincidência), aconselhar a ralé a «votar em branco» porque a democracia está falida. O Sr. Saramago entende-se, portanto, desencantado com a democracia e sustenta que há que descartar ou «reformar» o actual «sistema».
Há, desde logo, algo de hilariante no gesto: o candidato de um partido apela não ao voto no partido que representa, mas antes ao voto em branco. Em segundo lugar, o Sr. Saramago pretende corroer o sistema democrático utilizando, para o efeito, a liberdade de expressão e de voto que esse mesmo sistema lhe proporciona – facto que revela a sua imensa gratidão e lealdade para com o ideário democrático. Finalmente, o cidadão Saramago não apela ao voto em branco porque os candidatos são fracos, porque os programas partidários são paupérrimos, porque a construção europeia está a ser mal conduzida ou porque lhe dói a unha do pé. Não senhor. O Sr. Saramago pretende ir logo ao âmago da questão, ao pai de todos os alvos: a própria democracia. A origem de todos os males.
Quem não o sabia pode agora perceber: o Sr. Saramago nunca foi um democrata. Sob a capa da sofisticação intelectual e da altivez, foi sempre um anti-democrata convicto. O Sr. Saramago continua a viver angustiado com um mundo que o não compreende. Com um mundo de gente estúpida que não entende a sua mensagem e a sua ideologia. Com um sistema que teima em não colocar nos píncaros ou no púlpito do poder o seu partido e o seu modelo de sociedade. O Sr. Saramago detesta o mundo em que vive e, por arrastamento, a essência da democracia – aquela que, incompreensivelmente para o Sr. Saramago, lhe pregou a mais terrível das partidas: conseguir provar que o seu modelo estava errado e que a sua ideologia jamais vingará em sociedades livres e democráticas.
Desenganem-se, por isso, aqueles que olham para Saramago e vêem nele um homem moderado, sensato, democrata e intelectualmente honesto. Este Saramago é o mesmo Saramago das purgas e dos saneamentos nos idos 70. É o Saramago amigo de déspotas e conivente com as ditaduras do seu clube ideológico. É o Saramago que misturou Portugal e os portugueses com as briguinhas e os ódios de estimação que manteve, e mantém, com os governantes. É o Saramago que durante décadas - antes da democracia, da liberdade de expressão e da livre circulação de informação permitirem escancarar a céu aberto a sua verdadeira natureza – pintou em tons de rosa aquilo que era lúgubre, sombrio e atroz: o comunismo.
O Sr. José Saramago, político de renome internacional (ganhou, se bem se lembram, um Nobel), fez questão de se notar na lista de candidatos do Partido Comunista Português às eleições europeias, ao mesmo tempo que lançava o seu mais recente opúsculo. Decidiu, entretanto (pura coincidência), aconselhar a ralé a «votar em branco» porque a democracia está falida. O Sr. Saramago entende-se, portanto, desencantado com a democracia e sustenta que há que descartar ou «reformar» o actual «sistema».
Há, desde logo, algo de hilariante no gesto: o candidato de um partido apela não ao voto no partido que representa, mas antes ao voto em branco. Em segundo lugar, o Sr. Saramago pretende corroer o sistema democrático utilizando, para o efeito, a liberdade de expressão e de voto que esse mesmo sistema lhe proporciona – facto que revela a sua imensa gratidão e lealdade para com o ideário democrático. Finalmente, o cidadão Saramago não apela ao voto em branco porque os candidatos são fracos, porque os programas partidários são paupérrimos, porque a construção europeia está a ser mal conduzida ou porque lhe dói a unha do pé. Não senhor. O Sr. Saramago pretende ir logo ao âmago da questão, ao pai de todos os alvos: a própria democracia. A origem de todos os males.
Quem não o sabia pode agora perceber: o Sr. Saramago nunca foi um democrata. Sob a capa da sofisticação intelectual e da altivez, foi sempre um anti-democrata convicto. O Sr. Saramago continua a viver angustiado com um mundo que o não compreende. Com um mundo de gente estúpida que não entende a sua mensagem e a sua ideologia. Com um sistema que teima em não colocar nos píncaros ou no púlpito do poder o seu partido e o seu modelo de sociedade. O Sr. Saramago detesta o mundo em que vive e, por arrastamento, a essência da democracia – aquela que, incompreensivelmente para o Sr. Saramago, lhe pregou a mais terrível das partidas: conseguir provar que o seu modelo estava errado e que a sua ideologia jamais vingará em sociedades livres e democráticas.
Desenganem-se, por isso, aqueles que olham para Saramago e vêem nele um homem moderado, sensato, democrata e intelectualmente honesto. Este Saramago é o mesmo Saramago das purgas e dos saneamentos nos idos 70. É o Saramago amigo de déspotas e conivente com as ditaduras do seu clube ideológico. É o Saramago que misturou Portugal e os portugueses com as briguinhas e os ódios de estimação que manteve, e mantém, com os governantes. É o Saramago que durante décadas - antes da democracia, da liberdade de expressão e da livre circulação de informação permitirem escancarar a céu aberto a sua verdadeira natureza – pintou em tons de rosa aquilo que era lúgubre, sombrio e atroz: o comunismo.
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