O MacGuffin

segunda-feira, dezembro 15, 2003

TADINHO
ou Uma Pérola de Relativismo Moral
Celso Martins escreve, no Barnabé:

"Podemos detestar Mussoulini, Ceasescu ou Saddam, mas a desproporção entre o poder sobre-humano que detinham e o seu desfecho cria sempre um arrepio na espinha. Isto é bastante coerente com a atitude do responsável americano e o modo como anunciou - «we got him» - como quem diz que acabou de neutralizar um touro num rodeo. Ele está de joelhos e nós saímos vitoriosos. Esta retórica é brilhante mas não é a de um libertador, é a de um césar."

Celso Martins esquece várias coisas:

1.ª) Não foi um touro que foi apanhado. Foi um sanguinário de um filho-da-pu** de um ditador, responsável pela morte de milhares de civis ao longo de décadas. Por isso, respeitinho pelo touro, se faz favor;
2.ª) Pelo que nos foi dado a ver, ninguém tratou mal Saddam. Ninguém o pontapeou ou esmurrou. Ninguém lhe pintou a cara de amarelo. Não foi linchado. Foi tratado respeitosamente, como qualquer prisioneiro de guerra deve ser tratado por uma coligação que prima pelo respeito das regras de conduta em sede de conflito armado. O que é que Celso Martins esperava? Que o médico se ajoelhasse e lhe pedisse, encarecidamente, "V. Exa. fará o obséquio de abrir a cavidade limitada anteriormente pelos lábios e que serve de entrada ao tubo digestivo?"
3.ª) Saddam andou em parte incerta durante oito meses. Fugiu, escondeu-se. Encetou-se um jogo de gato e rato. Foi, agora, finalmente apanhado, numa toca própria de rato. Onde está o arrepio na espinha e o Sr. César? Eu sei onde está o arrepio: na mente dos iraquianos que foram torturados e que perderam os seus familiares às mãos de Saddam. Aposto que esses, mesmo sabendo da sua captura, ainda sentiram um arrepio na espinha ao saberem que ele está vivo.

Conclusão: pelo que se viu, ninguém desrespeitou Saddam. O próprio Saddam mostrou-se "cooperante" com quem o deteve. Por isso, cut the crap.

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