MAI'NADA
Ana Sá Lopes, em artigo no Publico, disse o que tinha de ser dito:
“No Camarote no "Mullah" do Norte”
”Entre os 17 e os 19 anos, assisti a inúmeros jogos de futebol de cinco. Rapazes bem-comportados, frios, racionais, bem intencionados, inteligentes e que já, na altura, tinham lido muitos livros, batiam com a cabeça na barra de ferro que delimitava o campo quando eram expulsos - ou substituídos - do "plantel". Penso que retirei daí toda a minha "cultura futebolística" e naquele bater de cabeça de criaturas pacíficas contra uma barra de ferro uma síntese possível da irracionalidade subjacente ao fenómeno: não deverá haver, em sociedades alegadamente civilizadas, muitas situações que, em irracionalidade, sejam comparáveis ao futebol, à excepção dos casamentos e seus derivados.
Acontece que este fenómeno irracional, pelo prazer e felicidade que distribui por multidões, movimenta um circuito cabalístico de influências e poderes difusos, promiscuidades várias com agentes políticos e, evidentemente, milhões do Orçamento do Estado. Resistir ao beija-mão aos cardeais do futebol português é um acto corajoso e, em Portugal, o rosto dessa resistência é, evidentemente, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, que fez do combate à promiscuidade entre o futebol e as estruturas partidárias um programa político, muito antes da sua candidatura à Câmara do Porto. Recentemente, Mota Amaral, presidente da Assembleia da República, decidiu não aceitar a justificação das faltas dos deputados que não compareceram aos trabalhos parlamentares para irem assistir à final do Futebol Clube do Porto, em Sevilha.
Para Pinto da Costa, Rui Rio era já "o monstro". O presidente do F.C. Porto acabou de juntar um outro agente político à galeria: Mota Amaral. Pelas suas heresias, os dois não foram contemplados com o beneplácito do convite do líder religioso para a missa de inauguração do novo estádio do F.C. Porto. Aos deputados "faltosos" aos trabalhos parlamentares, mas presentes na final de Sevilha, foram prometidas comemorações a condizer.
Ontem, ao inaugurar os acessos ao novo estádio, pagos uns e outro com grandes contribuições de dinheiros públicos, Rui Rio foi alvo da fúria dos adeptos do clube. O grande incentivador do ódio é, objectivamente, Pinto da Costa, que continua a ter disponíveis, para genuflexões várias, boa parte da classe política portuguesa. Bajulado por uma imensa maioria e financiado por todos, Pinto da Costa continuará a saga de procurar submeter o poder político ao seu poder pessoal enquanto não se multiplicarem comportamentos políticos como os de Rui Rio e os de Mota Amaral. Com a afronta feita ao presidente da Câmara do Porto e ao presidente do Parlamento, o Presidente da República e o primeiro-ministro deviam ter uma palavra a dizer. Infelizmente, o mais provável é que, com mais ou menos desabafos privados, acabem sentados no camarote do "mullah" do Norte a dar vivas ao Porto e a quem o apoiar.”
Ana Sá Lopes, em artigo no Publico, disse o que tinha de ser dito:
“No Camarote no "Mullah" do Norte”
”Entre os 17 e os 19 anos, assisti a inúmeros jogos de futebol de cinco. Rapazes bem-comportados, frios, racionais, bem intencionados, inteligentes e que já, na altura, tinham lido muitos livros, batiam com a cabeça na barra de ferro que delimitava o campo quando eram expulsos - ou substituídos - do "plantel". Penso que retirei daí toda a minha "cultura futebolística" e naquele bater de cabeça de criaturas pacíficas contra uma barra de ferro uma síntese possível da irracionalidade subjacente ao fenómeno: não deverá haver, em sociedades alegadamente civilizadas, muitas situações que, em irracionalidade, sejam comparáveis ao futebol, à excepção dos casamentos e seus derivados.
Acontece que este fenómeno irracional, pelo prazer e felicidade que distribui por multidões, movimenta um circuito cabalístico de influências e poderes difusos, promiscuidades várias com agentes políticos e, evidentemente, milhões do Orçamento do Estado. Resistir ao beija-mão aos cardeais do futebol português é um acto corajoso e, em Portugal, o rosto dessa resistência é, evidentemente, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, que fez do combate à promiscuidade entre o futebol e as estruturas partidárias um programa político, muito antes da sua candidatura à Câmara do Porto. Recentemente, Mota Amaral, presidente da Assembleia da República, decidiu não aceitar a justificação das faltas dos deputados que não compareceram aos trabalhos parlamentares para irem assistir à final do Futebol Clube do Porto, em Sevilha.
Para Pinto da Costa, Rui Rio era já "o monstro". O presidente do F.C. Porto acabou de juntar um outro agente político à galeria: Mota Amaral. Pelas suas heresias, os dois não foram contemplados com o beneplácito do convite do líder religioso para a missa de inauguração do novo estádio do F.C. Porto. Aos deputados "faltosos" aos trabalhos parlamentares, mas presentes na final de Sevilha, foram prometidas comemorações a condizer.
Ontem, ao inaugurar os acessos ao novo estádio, pagos uns e outro com grandes contribuições de dinheiros públicos, Rui Rio foi alvo da fúria dos adeptos do clube. O grande incentivador do ódio é, objectivamente, Pinto da Costa, que continua a ter disponíveis, para genuflexões várias, boa parte da classe política portuguesa. Bajulado por uma imensa maioria e financiado por todos, Pinto da Costa continuará a saga de procurar submeter o poder político ao seu poder pessoal enquanto não se multiplicarem comportamentos políticos como os de Rui Rio e os de Mota Amaral. Com a afronta feita ao presidente da Câmara do Porto e ao presidente do Parlamento, o Presidente da República e o primeiro-ministro deviam ter uma palavra a dizer. Infelizmente, o mais provável é que, com mais ou menos desabafos privados, acabem sentados no camarote do "mullah" do Norte a dar vivas ao Porto e a quem o apoiar.”
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