OUR MAN IN ANGOLA
O Anarcoconservador fala-nos da visita de Durão Barroso a Angola. Escreve JAC: "Faz-me mal ver o nosso primeiro ministro a visitar um assassino. José Eduardo dos Santos há anos que o é."
É bom lembrar alguns factos. Angola é um dos países mais ricos de África. Só do negócio do petróleo, o governo angolano tem arrecadado em média, por ano, 3,5 biliões de dólares. A fazer fé nas últimas previsões, este número irá crescer substancialmente durante a próxima década. No entanto, segundo um dos últimos relatório da Global Witness (um pequeno grupo de pressão inglês), estas receitas têm contribuído mais para a destruição de Angola do que para o seu desenvolvimento. O FMI, por seu lado, tem assistido à continuada recusa, por parte de Luanda, em fornecer uma explicação clara sobre o verdadeiro destino do dinheiro. Ao que parece, o governo colocou um bypass eficaz no orçamento, que permite o desvio do grosso das receitas, directamente para as mãos da presidência. Apesar deste aparente secretismo, sabe-se que o dinheiro vai direitinho para a compra de armamento e para o financiamento da pesada e cada vez mais abastada oligarquia de Estado. Por outro lado, à medida que o dinheiro é gasto, as contas são reequilibradas com o recurso a onerosos empréstimos de curto prazo, nos quais a produção futura de petróleo tem servido de garantia. Graças a isso, estima-se que os lucros provenientes do petróleo dos próximos três anos estejam já completamente assimilados. Alheia a tudo isto, fora das cidades, encontramos uma população que trava diariamente uma batalha inglória pela sua própria sobrevivência, onde a miséria abunda, as condições de higiene são precárias, a assistência médica é escassa, os alimentos rareiam e os estropiados da inenarrável guerra entre a UNITA e o MPLA estão ainda à vista de todos. No centro deste mórbido cenário encontra-se um governo acéfalo, liderado por um «príncipe», que se limita a servir única e exclusivamente os seus interesses – os quais só por acaso coincidem com os da população.
Esta crónica e doentia situação tem servido de cenário para o «bom» e «saudável» relacionamento entre Portugal e Angola nos últimos anos, pelo menos no plano diplomático. Em nome de uma patética lusofonia, que ninguém sabe muito bem o que é, o Estado Português e a sua realpolitik-de-trazer-por-casa tem desviado o olhar do horror e tem convivido, alegre e descontraidamente, com os senhores da guerra. Em nome de uma má consciência ou de interesses económicos de meia-dúzia de empresários (aliás legítimos), adoptou uma estratégia hipócrita e cobarde que tem servido para sonegar aquilo que deveria ser revelado, discutido e denunciado: os gritantes casos de atropelo aos mais elementares direitos humanos, perpetrados por um regime que só muito aparentemente (estou a ser benevolente) se confunde com um Estado de direito e uma democracia. Sobre essa matéria, a esquerda de passeata portuguesa, sempre na linha da frente no que aos direitos humanos diz respeito, não solta um pio nem gasta a mínima sola.
Não é de admirar que elementos próximos do Governo de Angola – um ministro, um deputado e o jornal oficial do regime – tenham, no passado, caluniado o Dr. Mário Soares, quando ele denunciou a situação no Parlamento Europeu. Assim como não é surpresa que o inefável Jaime Gama, o previsível Guterres e, agora, Durão Barroso, muito ao jeito da doutrina do consenso e da tolerância, teimem em beijar a mão ao Sr. José Eduardo. O amorfismo, a falta de coragem e de determinação dos governos portugueses perante Angola é já longa e nem deveria espantar ninguém. O Sr. José Eduardo dos Santos vai continuar a fumar Português Suave.
O Anarcoconservador fala-nos da visita de Durão Barroso a Angola. Escreve JAC: "Faz-me mal ver o nosso primeiro ministro a visitar um assassino. José Eduardo dos Santos há anos que o é."
É bom lembrar alguns factos. Angola é um dos países mais ricos de África. Só do negócio do petróleo, o governo angolano tem arrecadado em média, por ano, 3,5 biliões de dólares. A fazer fé nas últimas previsões, este número irá crescer substancialmente durante a próxima década. No entanto, segundo um dos últimos relatório da Global Witness (um pequeno grupo de pressão inglês), estas receitas têm contribuído mais para a destruição de Angola do que para o seu desenvolvimento. O FMI, por seu lado, tem assistido à continuada recusa, por parte de Luanda, em fornecer uma explicação clara sobre o verdadeiro destino do dinheiro. Ao que parece, o governo colocou um bypass eficaz no orçamento, que permite o desvio do grosso das receitas, directamente para as mãos da presidência. Apesar deste aparente secretismo, sabe-se que o dinheiro vai direitinho para a compra de armamento e para o financiamento da pesada e cada vez mais abastada oligarquia de Estado. Por outro lado, à medida que o dinheiro é gasto, as contas são reequilibradas com o recurso a onerosos empréstimos de curto prazo, nos quais a produção futura de petróleo tem servido de garantia. Graças a isso, estima-se que os lucros provenientes do petróleo dos próximos três anos estejam já completamente assimilados. Alheia a tudo isto, fora das cidades, encontramos uma população que trava diariamente uma batalha inglória pela sua própria sobrevivência, onde a miséria abunda, as condições de higiene são precárias, a assistência médica é escassa, os alimentos rareiam e os estropiados da inenarrável guerra entre a UNITA e o MPLA estão ainda à vista de todos. No centro deste mórbido cenário encontra-se um governo acéfalo, liderado por um «príncipe», que se limita a servir única e exclusivamente os seus interesses – os quais só por acaso coincidem com os da população.
Esta crónica e doentia situação tem servido de cenário para o «bom» e «saudável» relacionamento entre Portugal e Angola nos últimos anos, pelo menos no plano diplomático. Em nome de uma patética lusofonia, que ninguém sabe muito bem o que é, o Estado Português e a sua realpolitik-de-trazer-por-casa tem desviado o olhar do horror e tem convivido, alegre e descontraidamente, com os senhores da guerra. Em nome de uma má consciência ou de interesses económicos de meia-dúzia de empresários (aliás legítimos), adoptou uma estratégia hipócrita e cobarde que tem servido para sonegar aquilo que deveria ser revelado, discutido e denunciado: os gritantes casos de atropelo aos mais elementares direitos humanos, perpetrados por um regime que só muito aparentemente (estou a ser benevolente) se confunde com um Estado de direito e uma democracia. Sobre essa matéria, a esquerda de passeata portuguesa, sempre na linha da frente no que aos direitos humanos diz respeito, não solta um pio nem gasta a mínima sola.
Não é de admirar que elementos próximos do Governo de Angola – um ministro, um deputado e o jornal oficial do regime – tenham, no passado, caluniado o Dr. Mário Soares, quando ele denunciou a situação no Parlamento Europeu. Assim como não é surpresa que o inefável Jaime Gama, o previsível Guterres e, agora, Durão Barroso, muito ao jeito da doutrina do consenso e da tolerância, teimem em beijar a mão ao Sr. José Eduardo. O amorfismo, a falta de coragem e de determinação dos governos portugueses perante Angola é já longa e nem deveria espantar ninguém. O Sr. José Eduardo dos Santos vai continuar a fumar Português Suave.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial