AINDA PAULO PEDROSO
De Teresa Bento recebi a seguinte missiva:
..."não ilibou Paulo Pedroso de nada."
E devia ter sido ilibado de quê? Que me recorde não há, de momento, qualquer despacho de acusação. Há um inquérito a correr, está indiciado, mas não pode ser ilibado daquilo de que não foi acusado.
No entanto..... se quisermos ser realistas.... ai não que não foi acusado, julgado e condenado! A leviandade nos comportamentos não é, neste caso, exclusiva de ninguém.
E, para terminar, utilizando abusivamente algo que vi citado algures:
"Liberty is liberty, not equality or fairness or justice or human happiness or a quiet conscience." ISAIAH BERLIN
( não sou prima, vizinha, amiga, conhecida do Paulo Pedroso e também não sou militante do Partido Socialista. Sou advogada e incomodam-me algumas coisas. Pormenores....Kafkianos, mas pormenores.....)
Agradecendo o seu comentário, queria esclarecer alguns pontos:
1.º) Paulo Pedroso não tinha de ser ilibado de nada. Obviamente. Mas a verdade é que assistimos a reacções, comentários e gestos que se enquadravam numa espécie de celebração sobre uma decisão «ilibatória». Foram os amigos e pares de Paulo Pedroso que quiseram transmitir essa ideia: “eis um homem injustamente acusado que saiu agora em liberdade por ter sido ilibado”. Foi essa a sensação que trespassou de todo aquele espectáculo. Um espectáculo que só ajudou a confundir as pessoas (repare-se na reacção de muitos cidadãos nos diversos fóruns que se seguiram). Foi nesse contexto que empreguei o termo “ilibado”. Paulo Pedroso não foi “ilibado”, porque não tinha de o ser. Mas houve quem se tivesse esforçado para insinuar isso mesmo. Houve quem se tivesse esfoçado – até mais do que o próprio – para passar uma espécie de esponja sobre um processo que, por muito que custe admiti-lo, ainda o indicia.
2.º) Nunca aqui escrevi uma só palavra que, objectiva ou subjectivamente, acusasse ou condenasse Paulo Pedroso do que quer que fosse. Escrevi-o mais do que uma vez, e volto a fazê-lo: Paulo Pedroso deve ser presumido inocente até trânsito em julgado. Saiu agora em liberdade, com termo de residência, e eu respeito isso. Porque continuo a respeitar e a confiar na justiça portuguesa. Aliás: esta decisão do Tribunal da Relação é a prova de que o sistema funciona e que os cidadãos não estão à «mercê» de uma justiça fechada, corporativa, cega, incapaz de reconhecer os seus próprios erros processuais.
3.º) A frase de Berlin, sobre a liberdade, está manifestamente desenquadrada neste contexto. A ser evocada, deverá sê-lo neste sentido: eu, a Teresa Bento e todos os cidadãos livres têm o direito de exprimir as suas opiniões (eu sempre publiquei no Contra todas as opiniões contrárias à minha). Nesse sentido, volto a expressar a minha modesta opinião: achei triste e indecoroso tudo o que se passou após a libertação de Paulo Pedroso. Dizer isto é bem diferente de dizer que estou em desacordo com a sua libertação. Não estou. Agora, por uma questão de sensibilidade e de princípio, assiste-me o direito de pensar que o Parlamento deveria ter sido poupado a tudo aquilo. O local escolhido foi o pior. Por uma razão muito simples: o perigo de se misturarem esferas que, manifestamente, não podem ser misturadas. O Processo Casa Pia é um processo jurídico/criminal, não é um processo político. Para já não falar nas afirmações de certos dirigentes partidários. Essas sim, levianas e irresponsáveis.
4.º) Nunca fui militante partidário. Não sou primo, vizinho ou amigo de militantes do PP ou do PSD. Gosto de discutir política, não politiquice - que, regra geral, é produzida pelos aparelhos partidários. Também não sou advogado, mas isso não invalida que eu possa dar a minha opinião. De há uns dez anos a esta parte, sou um abstencionista militante. Ou seja, não sofro, nem nunca sofri, de clubite aguda. Quanto muito, sofro na mesma medida que sofrem aqueles que, de tempos a tempos, me vão acusado disso.
Escreva sempre, cara Teresa.
De Teresa Bento recebi a seguinte missiva:
..."não ilibou Paulo Pedroso de nada."
E devia ter sido ilibado de quê? Que me recorde não há, de momento, qualquer despacho de acusação. Há um inquérito a correr, está indiciado, mas não pode ser ilibado daquilo de que não foi acusado.
No entanto..... se quisermos ser realistas.... ai não que não foi acusado, julgado e condenado! A leviandade nos comportamentos não é, neste caso, exclusiva de ninguém.
E, para terminar, utilizando abusivamente algo que vi citado algures:
"Liberty is liberty, not equality or fairness or justice or human happiness or a quiet conscience." ISAIAH BERLIN
( não sou prima, vizinha, amiga, conhecida do Paulo Pedroso e também não sou militante do Partido Socialista. Sou advogada e incomodam-me algumas coisas. Pormenores....Kafkianos, mas pormenores.....)
Agradecendo o seu comentário, queria esclarecer alguns pontos:
1.º) Paulo Pedroso não tinha de ser ilibado de nada. Obviamente. Mas a verdade é que assistimos a reacções, comentários e gestos que se enquadravam numa espécie de celebração sobre uma decisão «ilibatória». Foram os amigos e pares de Paulo Pedroso que quiseram transmitir essa ideia: “eis um homem injustamente acusado que saiu agora em liberdade por ter sido ilibado”. Foi essa a sensação que trespassou de todo aquele espectáculo. Um espectáculo que só ajudou a confundir as pessoas (repare-se na reacção de muitos cidadãos nos diversos fóruns que se seguiram). Foi nesse contexto que empreguei o termo “ilibado”. Paulo Pedroso não foi “ilibado”, porque não tinha de o ser. Mas houve quem se tivesse esforçado para insinuar isso mesmo. Houve quem se tivesse esfoçado – até mais do que o próprio – para passar uma espécie de esponja sobre um processo que, por muito que custe admiti-lo, ainda o indicia.
2.º) Nunca aqui escrevi uma só palavra que, objectiva ou subjectivamente, acusasse ou condenasse Paulo Pedroso do que quer que fosse. Escrevi-o mais do que uma vez, e volto a fazê-lo: Paulo Pedroso deve ser presumido inocente até trânsito em julgado. Saiu agora em liberdade, com termo de residência, e eu respeito isso. Porque continuo a respeitar e a confiar na justiça portuguesa. Aliás: esta decisão do Tribunal da Relação é a prova de que o sistema funciona e que os cidadãos não estão à «mercê» de uma justiça fechada, corporativa, cega, incapaz de reconhecer os seus próprios erros processuais.
3.º) A frase de Berlin, sobre a liberdade, está manifestamente desenquadrada neste contexto. A ser evocada, deverá sê-lo neste sentido: eu, a Teresa Bento e todos os cidadãos livres têm o direito de exprimir as suas opiniões (eu sempre publiquei no Contra todas as opiniões contrárias à minha). Nesse sentido, volto a expressar a minha modesta opinião: achei triste e indecoroso tudo o que se passou após a libertação de Paulo Pedroso. Dizer isto é bem diferente de dizer que estou em desacordo com a sua libertação. Não estou. Agora, por uma questão de sensibilidade e de princípio, assiste-me o direito de pensar que o Parlamento deveria ter sido poupado a tudo aquilo. O local escolhido foi o pior. Por uma razão muito simples: o perigo de se misturarem esferas que, manifestamente, não podem ser misturadas. O Processo Casa Pia é um processo jurídico/criminal, não é um processo político. Para já não falar nas afirmações de certos dirigentes partidários. Essas sim, levianas e irresponsáveis.
4.º) Nunca fui militante partidário. Não sou primo, vizinho ou amigo de militantes do PP ou do PSD. Gosto de discutir política, não politiquice - que, regra geral, é produzida pelos aparelhos partidários. Também não sou advogado, mas isso não invalida que eu possa dar a minha opinião. De há uns dez anos a esta parte, sou um abstencionista militante. Ou seja, não sofro, nem nunca sofri, de clubite aguda. Quanto muito, sofro na mesma medida que sofrem aqueles que, de tempos a tempos, me vão acusado disso.
Escreva sempre, cara Teresa.
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