O MacGuffin: Um retrato

quarta-feira, março 30, 2011

Um retrato

Ontem, no programa Prós & Contras, a nossa querida Fátinha Castafiore reuniu um colectivo de veneráveis, a maioria órfã do socialismo utópico (ideais, muitos, meios para os atingir, népias). José Reis, um professor doutor de Coimbra, meu Deus!, jurava a pés juntos, numa prosa meio krugmaniana, meio pueril, que a culpa disto (leia-se da crise) é da Europa, que não ajuda os que estão aflitos e despromove o «Estado Social». Para alívio do povo, alguém (João Salgueiro) explicou, como quem explica a uma criança, que sem pilim e sem produção de riqueza il n’y a pas de Estado Social. Pelo meio, José Gil voltou a enlear-se nos «fechamentos» e nos «planos superior e inferior», para nunca mais se encontrar; Lídia Jorge disse… er… qualquer coisa; António Feijó deu como exemplo de políticos que se destacaram da norma, Cavaco Silva e… José Sócrates (esqueceu-se apenas de dizer que se destacaram em direcções muito opostas); Maria Mota, uma investigadora que andou «lá por fora», e que por razões que a própria razão desconhece, decidiu regressar à pátria, chamou a atenção para o facto dos portugueses não apanharem o cocó dos cães; o Prof. Eduardo Paz Ferreira citou Carlos Drummond de Andrade, coisa que fica sempre bem; e o Prof. Hespanha, por entre ditos muito «espirituosos» e «giros», culpou a televisão pela alienação do povo e lamentou a ausência da voz dos extremos (referia-se às ideologias).

No dito programa, os veneráveis apresentaram-se de costas para o público. Um retrato singular e límpido das nossas elites.


PS: nota máxima para Tolentino Mendonça.

2 Comentários:

Blogger LF disse...

Enfim,
Todos uma corja de idiotas, apenas porque...não concordam contigo.

Eis uma perfeita ilustração dos perigos do pensamento único, mesmo quando afecta pessoas inteligentes como tu.

10:38 a.m.  
Blogger MacGuffin disse...

Não uma «corja de idiotas». Apenas um grupo de notáveis que, na generalidade, falam do que não sabem (porque no seu hermetismo académico pouco contacto têm com a realidade real), têm-se em excessiva conta e raramente se interrogam sobre os contributos que os próprios deram para alterar as coisas. Este tipo de programas-divã não são apenas inconsequentes: são uma fogueira de vaidades, saturada de erudição por concurso de citações, masturbações intelectuais, umbiguismos e amiguismos. Numa palavra: miserável. A pequena entrevista que António Barreto deu à SIC-N a semana passada, vale mais em realismo, lucidez e desassombramento que mil programas deste tipo. E não, Zé Luis, não estou em campanha pelo Passos Coelho.

10:50 a.m.  

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