A caminho de mais uma birrinha do Sr. Eng.
Vasco Pulido Valente in Público 20/03/2010
O inquérito
A comissão parlamentar de inquérito ao “caso” Sócrates/PT/TVI começa a trabalhar na próxima terça-feira. O objectivo da comissão é “apurar se o Governo, directa ou indirectamente”, interveio numa alegada tentativa da PT para comprar a TVI e também se o primeiro-ministro “disse a verdade ao Parlamento” na sessão de 24 de Junho, quando declarou não saber nada sobre o assunto. Nunca na história portuguesa um primeiro-ministro foi chamado a uma comissão deste género. Mas Sócrates trata o episódio como se não tivesse qualquer importância. Já disse publicamente que não percebe (?) “a quem os deputados querem fazer mais perguntas”, insinuou que só responde perante o plenário da Assembleia e, pior ainda, não esclareceu se irá em pessoa à comissão, ou se deporá por escrito, como, de resto, a lei inexplicavelmente o autoriza. Claro que não é um verdadeiro tribunal que o julga, como sucederia na América ou em Inglaterra. Mas não se compreende que o eng. Sócrates tome com tanta ligeireza e tanta complacência a pior acusação que lhe podem fazer: a de mentir aos representantes da nação.
O que está em causa não é um incidente político banal, que o PSD e o Bloco resolveram explorar para fins de pura propaganda. O que está em causa é a integridade do Governo e a integridade e a honra do primeiro-ministro. Ou seja, de certa maneira o próprio regime, porque um regime em que o primeiro-ministro mente não merece a ninguém a mais leve confiança. A defesa de Sócrates não se distingue da defesa da democracia. Uma evidência que, manifestamente, nunca penetrou na peculiar cabeça do homem.
Por isso mesmo, e para não agravar o geral descrédito da República, há certas medidas que são obrigatórias. Em primeiro lugar, as sessões da comissão devem ser de “porta aberta” e num lugar digno (a “sala do Senado”, por exemplo). Em segundo lugar, a televisão deve transmitir em contínuo o processo inteiro, para garantir a cada português que não lhe escondem nada e permitir que se forme cá fora uma opinião independente. E, em terceiro lugar, a comissão deve exigir desde o princípio que Sócrates se apresente, para que não fi quem dúvidas sobre o significado da sua eventual ausência. Vivemos num clima de suspeita e sombras. Chegou a altura de clarificar as coisas.
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