Tristeza
Vasco Pulido Valente, in Público 05/03/2010
O espectáculo da pobreza
O Diário Económico organizou um debate entre os três senhores que se pretendem candidatar à presidência do PSD. Não foi com certeza um debate muito excitante. No fim, segundo o Diário de Notícias, já a assistência (que era pouca, coitada) se começava a retirar discretamente e os candidatos ficaram a falar para a trupe, que ou por obrigação profissional ou por espírito de basbaque segue sempre estas coisas. Não admira. Não houve até agora (pelo menos, que me lembre) uma eleição tão vácua e tão inútil como esta. O PSD não tem nada para dizer ao país, que, por sua vez, não espera nada do PSD. E a mediocridade de Passos Coelho, Rangel e Aguiar-Branco seria grotesca, se não fosse penosa. Esta campanha parece uma procissão de defuntos. Sobre o pindérico ainda por cima. Para começar, nenhum dos três santinhos pode apresentar um currículo decente. Nenhum fez parte de qualquer governo ou esteve em funções de especial responsabilidade. E nenhum também se distinguiu por uma grande obra ou pelo seu papel num grande movimento.
Como lhes passou pela cabeça que estavam preparados para mandar em Portugal (sobretudo num período de crise) é um puro mistério. Um mistério que, de resto, não pára de crescer com a futilidade e a imprecisão do que eles resolvem, de quando em quando, comunicar ao seu presuntivo eleitorado. Passos Coelho acha – não se percebe por quê – que representa a modernidade e a renovação. Paulo Rangel acha que representa a “ruptura”. E o que acha Aguiar Branco sobre ele próprio e sobre a vida continua obscuro. Como desde o princípio várias pessoas notaram, a carreira de Passos Coelho é a carreira do aparatchik típico: uma dezena de anos na “Juventude” da casa, um mandato ou outro em S. Bento (a título de recompensa) e a justa obscuridade dos “negócios” pela meia-idade, sob um mentor compassivo (neste caso, Ângelo Correia). Paulo Rangel andou pela Assembleia um tempo e “ganhou” (de acordo com o folclore interno) a eleição para a “Europa”. Quanto a Aguiar-Branco, promovido lentamente pela distrital do Porto, é agora “líder” do grupo parlamentar do PSD.
Quem os quer? Quem é capaz de arranjar no fundo da sua credulidade e benevolência um grão de confiança, ou dúvida metódica, para lhes conceder? É uma tristeza assistir a este espectáculo de pobreza de um partido, que foi o partido de Sá Carneiro. E, vá lá, de Cavaco.
1 Comentários:
O Branco não foi ministro? O VPV....
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