Omo lava mais branco
Em Pequim, os últimos doze dias da presença portuguesa nos Jogos Olímpicos deram à luz um pouco de tudo: o burlesco em discurso directo, o impertinente em comportamentos e a comicidade em reacções peripatéticas. É sempre de bom tom não confundir a nuvem por Juno, ou a árvore pela floresta (ando muito dado a clichés, by the way). Mas convinha, já agora, que se faz tarde, dizer algumas coisas relativamente simples e óbvias sobre a participação portuguesa nestes Jogos Olímpicos: da mediocridade ao sofrível, só muito esporadicamente a competência ou, se quiserem, o «profissionalismo» marcou presença.
Mas o obnóxio, a bronquice e a ingenuidade mais patética produziram coisas interessantes. Pondo de parte a discussão sobre o que é o espírito olímpico e se o mesmo, a existir, ainda marca presença no actual circo (a este propósito, estou com a Charlotte: a cerimónia de abertura deu à luz momentos de um pindérico picaresco), ninguém se atreve a negar a riqueza e a variedade comportamental dos atletas portugueses: atletas física e psicologicamente mal preparados; atletas que não conseguiram adaptar-se às condições climáticas (o nevoeiro fotoquímico ou a humidade encontram-se entre as justificações mais populares); atletas que foram a Pequim para ver as vistas (houve quem tivesse confessado que as pernas, regra geral, «pedem caminha» quando obrigadas a acordar estupidamente cedo); atletas que só no fim perceberam onde estavam metidos («eh pá, em Portugal temos seis tentativas!»); e, claro, atletas que se esforçaram e mostraram por que razão o Prof. Cavaco ainda se atreveu a falar em raça no 10 de Junho de 2008, para delíquio público e prazer secreto do Prof. Rosas.
Não se percebe, agora, o abespinhamento de certos atletas (a Naide Gomes e o Gustavo Lima, por exemplo) perante as críticas – quase sempre justas – à participação portuguesa em Pequim. Bem sei que as generalização são tramadas, mas perante os resultados, comportamentos, reacções e soundbytes que rodearam a presença portuguesa, seria no mínimo razoável que os atletas não tomassem as dores uns dos outros. Os verdadeiramente competentes, evitavam, com isso, enfiar uma carapuça que não lhes pertence. Os maus ou incompetentes deixavam de ser tratados como desgraçadinhos por via da atitude benevolente e branqueadora dos outros colegas. O resto da malta agradecia o pudor e o silêncio. Agora, quem deve andar lixado com tudo isto é o primeiro-ministro: por um lado, a distracção circense (Pequim) corre-lhe mal; por outro, a diversão bélica (Geórgia) está-se a acabar. Acresce, ainda, outro dado: a silly season entrou, agora, na sua fase de estertor. Não é por acaso que no meio do desespero, a história dos 150.000 empregos tenha voltado à baila, não vá o português voltar à sua endémica depressão (que o castiga e o desgasta, a ele, José Pinto de Sousa).
Mas o obnóxio, a bronquice e a ingenuidade mais patética produziram coisas interessantes. Pondo de parte a discussão sobre o que é o espírito olímpico e se o mesmo, a existir, ainda marca presença no actual circo (a este propósito, estou com a Charlotte: a cerimónia de abertura deu à luz momentos de um pindérico picaresco), ninguém se atreve a negar a riqueza e a variedade comportamental dos atletas portugueses: atletas física e psicologicamente mal preparados; atletas que não conseguiram adaptar-se às condições climáticas (o nevoeiro fotoquímico ou a humidade encontram-se entre as justificações mais populares); atletas que foram a Pequim para ver as vistas (houve quem tivesse confessado que as pernas, regra geral, «pedem caminha» quando obrigadas a acordar estupidamente cedo); atletas que só no fim perceberam onde estavam metidos («eh pá, em Portugal temos seis tentativas!»); e, claro, atletas que se esforçaram e mostraram por que razão o Prof. Cavaco ainda se atreveu a falar em raça no 10 de Junho de 2008, para delíquio público e prazer secreto do Prof. Rosas.
Não se percebe, agora, o abespinhamento de certos atletas (a Naide Gomes e o Gustavo Lima, por exemplo) perante as críticas – quase sempre justas – à participação portuguesa em Pequim. Bem sei que as generalização são tramadas, mas perante os resultados, comportamentos, reacções e soundbytes que rodearam a presença portuguesa, seria no mínimo razoável que os atletas não tomassem as dores uns dos outros. Os verdadeiramente competentes, evitavam, com isso, enfiar uma carapuça que não lhes pertence. Os maus ou incompetentes deixavam de ser tratados como desgraçadinhos por via da atitude benevolente e branqueadora dos outros colegas. O resto da malta agradecia o pudor e o silêncio. Agora, quem deve andar lixado com tudo isto é o primeiro-ministro: por um lado, a distracção circense (Pequim) corre-lhe mal; por outro, a diversão bélica (Geórgia) está-se a acabar. Acresce, ainda, outro dado: a silly season entrou, agora, na sua fase de estertor. Não é por acaso que no meio do desespero, a história dos 150.000 empregos tenha voltado à baila, não vá o português voltar à sua endémica depressão (que o castiga e o desgasta, a ele, José Pinto de Sousa).
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