É um insulto é...
(corrigido e actualizado)
Diz o Luis que insultei, provavelmente o mundo, ao ter escrito: “...a própria autonomia de facto de que gozou, e goza, a Autoridade Palestiniana sobre um território que, não sendo um Estado, só não administra se não quiser.”
É óbvio que não pretendi equiparar a Palestina a um Estado e, com isso, fazer a equivalência de «autonomias». Concedam-me algum crédito, por favor. A Palestina nunca foi um país ou um Estado. E, infelizmente, ainda não é. Fazer crer que a Autoridade Palestiniana (AP) tem pouca ou nenhuma autonomia ou poder para administrar o «seu» território – dentro das restrições inerentes à sua própria condição de não-estado – parece-me, também, um insulto. Ao longo das últimas duas décadas, Israel tem vindo a alargar o âmbito dessa autonomia. O Luis utiliza uma retórica que já conhecemos: “Que autonomia tem a AP para evitar ou processar nos seus próprios tribunais esse roubo [de terras]?” É precisamente o mesmo tipo de argumento utilizado para justificar o deficiente controlo da AP sobre as organizações terroristas, e a forma «para inglês ver» como se julgam e condenam os terroristas.
Pergunta-se: onde estão os milhões de dólares que a AP recebeu ao longo destes anos? Quanto desse dinheiro foi investido em infra-estruturas que concorressem para o desenvolvimento sustentado do território, em prol das populações? Há coisa de um ano, assisti a uma reportagem na qual se entrevistava um nadador palestiniano que se queixava de não ter instalações condignas para a prática da modalidade. Culpa de quem? Mr Sharon, obviamente. Eu pergunto: porquê? O que impediu a AP de investir na construção de um complexo desportivo ou, pelo menos, de uma piscina decente? Num Prós e Contras (RTP) recente, um especialista em recursos hídricos louvava Israel por ser o pais mais avançado nessa área (prospecção, recolha e tratamento de água para consumo doméstico e fins agrícolas) para, logo a seguir, lamentar o facto de Israel «controlar» o abastecimento de água (leia-se «fechar as torneiras») nos «territórios ocupados». O que esse especialista se esqueceu de dizer é que: a) foi graças à investigação e ao trabalho israelitas que palestinianos e israelitas não morrem à sede (não foi, certamente, graças ao trabalho e aos esforços palestinianos); e b) os constrangimentos aplicados à utilização de água derivam, sobretudo, do racionamento imposto às populações por razões bem mais prementes: as sucessivas secas que se abateram sobre a região (finais dos anos 70, princípios dos anos 80 e inicio dos anos 90) e a problemática da salinação nos lençóis freáticos. Não será, caro Luís, que boa parte destes handicaps que parecem estorvar a vida dos palestinianos estão directamente relacionados com o facto das autoridades palestinianas terem escolhido a «luta» contra o jugo «sionista» e a questão da terra como a mãe de todas as prioridades? Não estarão, também, ligados ao sorvedouro que significa alimentar toda uma oligarquia corrupta que tomou conta da AP? Não haverá vida na Palestina – economia, agricultura, ensino, população civil - para além da lufa-lufa e da guerrinha de nervos nas faixas de território contíguas a Israel?
É verdade, e aí posso concordar contigo, que os palestinianos não têm a vida facilitada. À conta de defender o seu país, Israel tem imposto condicionalismos por vezes atrozes. Fá-lo-á gratuitamente? Só por má-fé ou ignorância se pode afirmar que sim. A responsabilidade da situação pende, também, sobre o lado palestiniano: a estratégia palestiniana foi, até hoje, uma estratégia vazia de sentido e recheada de erros. Basta lembrar que em 1937 (Comissão Peel), em 1939 (British White Paper), em 1947 (com a ONU), em 1979 (negociações Israelo-egípcias), a partir de 1993 (Oslo) e em 2000 (Camp David), os palestinianos recusaram qualquer acordo, ora de forma peremptória ora impondo condições inexequíveis. Basta lembrar que os primeiros ataques organizados por Arafat contra Israel, em 1964, foram executados numa altura em que a totalidade da Cisjordânia, de Gaza e da cidade velha de Jerusalém estavam sob controlo árabe. Não havia sombra de settlers ou squatters (escolhe a expressão que quiseres).
Sem desvalorizar as acções e as medidas tomadas pelo governo de Israel, já vai sendo tempo da dita «opinião pública» global responsabilizar o lado palestiniano pelos erros cometidos e pela inépcia demonstrada, exigindo seriedade, ponderação e coragem aos responsáveis palestinianos. Seria um serviço inestimável à «causa».
Diz o Luis que insultei, provavelmente o mundo, ao ter escrito: “...a própria autonomia de facto de que gozou, e goza, a Autoridade Palestiniana sobre um território que, não sendo um Estado, só não administra se não quiser.”
É óbvio que não pretendi equiparar a Palestina a um Estado e, com isso, fazer a equivalência de «autonomias». Concedam-me algum crédito, por favor. A Palestina nunca foi um país ou um Estado. E, infelizmente, ainda não é. Fazer crer que a Autoridade Palestiniana (AP) tem pouca ou nenhuma autonomia ou poder para administrar o «seu» território – dentro das restrições inerentes à sua própria condição de não-estado – parece-me, também, um insulto. Ao longo das últimas duas décadas, Israel tem vindo a alargar o âmbito dessa autonomia. O Luis utiliza uma retórica que já conhecemos: “Que autonomia tem a AP para evitar ou processar nos seus próprios tribunais esse roubo [de terras]?” É precisamente o mesmo tipo de argumento utilizado para justificar o deficiente controlo da AP sobre as organizações terroristas, e a forma «para inglês ver» como se julgam e condenam os terroristas.
Pergunta-se: onde estão os milhões de dólares que a AP recebeu ao longo destes anos? Quanto desse dinheiro foi investido em infra-estruturas que concorressem para o desenvolvimento sustentado do território, em prol das populações? Há coisa de um ano, assisti a uma reportagem na qual se entrevistava um nadador palestiniano que se queixava de não ter instalações condignas para a prática da modalidade. Culpa de quem? Mr Sharon, obviamente. Eu pergunto: porquê? O que impediu a AP de investir na construção de um complexo desportivo ou, pelo menos, de uma piscina decente? Num Prós e Contras (RTP) recente, um especialista em recursos hídricos louvava Israel por ser o pais mais avançado nessa área (prospecção, recolha e tratamento de água para consumo doméstico e fins agrícolas) para, logo a seguir, lamentar o facto de Israel «controlar» o abastecimento de água (leia-se «fechar as torneiras») nos «territórios ocupados». O que esse especialista se esqueceu de dizer é que: a) foi graças à investigação e ao trabalho israelitas que palestinianos e israelitas não morrem à sede (não foi, certamente, graças ao trabalho e aos esforços palestinianos); e b) os constrangimentos aplicados à utilização de água derivam, sobretudo, do racionamento imposto às populações por razões bem mais prementes: as sucessivas secas que se abateram sobre a região (finais dos anos 70, princípios dos anos 80 e inicio dos anos 90) e a problemática da salinação nos lençóis freáticos. Não será, caro Luís, que boa parte destes handicaps que parecem estorvar a vida dos palestinianos estão directamente relacionados com o facto das autoridades palestinianas terem escolhido a «luta» contra o jugo «sionista» e a questão da terra como a mãe de todas as prioridades? Não estarão, também, ligados ao sorvedouro que significa alimentar toda uma oligarquia corrupta que tomou conta da AP? Não haverá vida na Palestina – economia, agricultura, ensino, população civil - para além da lufa-lufa e da guerrinha de nervos nas faixas de território contíguas a Israel?
É verdade, e aí posso concordar contigo, que os palestinianos não têm a vida facilitada. À conta de defender o seu país, Israel tem imposto condicionalismos por vezes atrozes. Fá-lo-á gratuitamente? Só por má-fé ou ignorância se pode afirmar que sim. A responsabilidade da situação pende, também, sobre o lado palestiniano: a estratégia palestiniana foi, até hoje, uma estratégia vazia de sentido e recheada de erros. Basta lembrar que em 1937 (Comissão Peel), em 1939 (British White Paper), em 1947 (com a ONU), em 1979 (negociações Israelo-egípcias), a partir de 1993 (Oslo) e em 2000 (Camp David), os palestinianos recusaram qualquer acordo, ora de forma peremptória ora impondo condições inexequíveis. Basta lembrar que os primeiros ataques organizados por Arafat contra Israel, em 1964, foram executados numa altura em que a totalidade da Cisjordânia, de Gaza e da cidade velha de Jerusalém estavam sob controlo árabe. Não havia sombra de settlers ou squatters (escolhe a expressão que quiseres).
Sem desvalorizar as acções e as medidas tomadas pelo governo de Israel, já vai sendo tempo da dita «opinião pública» global responsabilizar o lado palestiniano pelos erros cometidos e pela inépcia demonstrada, exigindo seriedade, ponderação e coragem aos responsáveis palestinianos. Seria um serviço inestimável à «causa».
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