Concordo ou talvez não
O Rui estava a ver a Buffy quando deu de caras com uma heresia produzida por moi même. É o que dá ver a Buffy. Diz o Rui que não gosta do Neil Jordan. Eu também não. Diz que os filmes de Jordan são todos maus. Eu digo mais: são uma bosta. À excepção, claro, de The End of The Affair. De resto, o Neil Jordan até podia ter realizado o Plan 9 From Outer Space. Who gives a shit? O The End Of The Affair é um excelente filme, ponto final. Onde o Rui vê falta de voracidade e de ferocidade, eu vejo discrição, contenção, elegância, uma clara renuncia em querer filmar mais um filmezinho repleto de emoção barata, acção gratuita e hiper-realismo de pacotilha. O filme peca por excesso de gloss e falta de lugubridade? Não creio. Jordan consegue um equilíbrio perfeito entre o acessório e o essencial: o filme é suficientemente pesado em termos de atmosfera (nem por uma vez se vê um raio de sol e a chuva marca presença perturbante) mas não o suficiente para deslocar a atenção do que interessa, num filme que é dos actores: a impossibilidade do amor, o princípio do fim do princípio, a falibilidade humana, a fé e a culpa em clara disputa pelo preço do amor. Um filme, e um livro, que se movimenta num triângulo amoroso constituído por um impotente do desejo (Rea, o marido), uma mulher em busca da felicidade e do amor (Moore, a esposa) e um homem cínico e vivido que volta a apaixonar-se beyond a reasonable doubt (o excelente e clássico Fiennes, graças a Deus a anos luz dos nada «chatos» cabotinos de serviço da sua geração). Até em relação a Michael Nyman discordamos: neste filme, Nyman (de quem não sou particularmente um fã…) põe de lado o lado estridente e pomposo das suas habituais criações.
Dou razão ao Rui num ponto: ao suprimir a figura de Smythe (sobrepondo-a à do padre), Jordan perde a oportunidade de salpicar o filme de algum humor (embora, no essencial, a troca não belisque o ponto em questão). Só não penso que, no livro, Smythe se tenha convertido ao que quer que seja…
Dou razão ao Rui num ponto: ao suprimir a figura de Smythe (sobrepondo-a à do padre), Jordan perde a oportunidade de salpicar o filme de algum humor (embora, no essencial, a troca não belisque o ponto em questão). Só não penso que, no livro, Smythe se tenha convertido ao que quer que seja…
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