O MacGuffin

quinta-feira, maio 01, 2003

TÁ MAL

Quinta-feira, Canal Parlamento, 1 e 30 da manhã. O Presidente da AR dá a palavra a João Fazenda, do Bloco de Esquerda. As câmaras viram-se para o filmar. João Fazenda inicia a sua intervenção, colocando aquele olhar de felino mal morto, dirigido ao ministro (não interessa qual), género “a mim não me enrolas tu”, sub-género “vai dar banho ao cão”. A boca de Luis Fazenda mexe-se com particular destreza, contudo emitindo, apenas, ruído. Um barulho imperceptível, longínquo, abafado. Falha técnica? Afonia? Nada disso. A razão? J.A.D. Pois é: o rosto da Sra. D. Joana Amaral Dias, os olhos da Sra. D. Joana Amaral Dias, o cabelo da Sra. D. Joana Amaral Dias, as mãos da Sra. D. Joana Amaral Dias surgem, no écran, a cinco dramáticos centímetros da figura de João Fazenda. Em segundo plano, é certo. Mas irremediavelmente destacados. Uma pessoa vai seguindo a sua intervenção muda. De quando em vez surgem, da sua boca, palavras como “apoiado” ou “muito bem”, mal captadas pelos microfones, mas mimicamente precisas, generosas, magnânimas. A espaços, a Sra. D. Amaral Dias esboça um sorriso. Tímido, baixando, por vezes, os olhos. Perguntam-me vocês: o que disse, afinal, João Fazenda? Não faço a mais pequena ideia.

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