Raiz quadrada
Li há umas semanas que a cantora Sara Tavares se encontra numa nova «fase» da sua carreira: procura, agora, «raízes». Tenho para mim que, salvo raríssimas excepções, a «procura de raízes» representa, quase sempre, o rascunho de um obituário. É uma espécie de canto do cisne. Quando à carreira de um qualquer artista se cola a vertigem das «raízes», basicamente está-se a declarar insolvência. «Procurar raízes» é eufemismo para «deixa-me-lá-revisitar-umas-modinhas-para-disfarçar-a-minha-penúria- enquanto-artista». A inspiração pode ser nula, o jeito anedótico, a carreira uma lástima. Mas parece sempre haver uma «raiz» salvífica ao alcance de qualquer um. E, se a coisa for bem amanhada, uma nova roupagem e uma reinterpretação adiarão por mais uns tempos o enterro do finado.
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