FRANCAMENTE
(corrigido)
Do leitor Rui Queiroz:
”Mas afinal não gosta do Neruda por o considerar mau poeta ou porque ele era
comunista? É uma estranha coincidência que os blogers de direita NUNCA
gostem de ARTISTAS de esquerda...
É o mesmo que alguém de esquerda dizer mal do Borges porque era de direita!
Francamente...”
Caro Rui: não se trata de o considerar "um mau poeta", nem sequer de "não gostar" de Pablo Neruda. Do que eu "não gosto" é da sua poesia. Uma questão de sensibilidade (“source inexhausted of all that’s precious in our joys, or costly in our sorrows”, como escreveu um dia Laurence Sterne).
Sempre achei a poesia de Neruda demasiado «juvenil» para o meu gosto. Há poemas que roçam um grau de superficialidade que se aproxima perigosamente dos desabafos simplistas de um qualquer teenager armado em poeta. Exemplo:
“eu adoro toda
a poesia escrita,
todo o orvalho,
lua, diamante, gota
de prata submergida”
Isto, para mim, é medonho. Outro exemplo:
“Tal vez consumirá la luz de Enero,
su rayo cruel, mi corazón entero,
robándome la llave del sosiego.
En esta historia sólo yo me muero
y moriré de amor porque te quiero,
porque te quiero, amor, a sangre y fuego”
A densidade deste poema é sensivelmente igual à densidade representativa do Tó Zé Martinho.
Ao contrário de Neruda, eu não “adoro toda a poesia escrita”. Há poetas que me dizem tudo, outros que me dizem nada ou muito pouco. Lamento, mas Neruda não mexe comigo.
Quanto à “estranha coincidência” que referiu, pois que o seja. Estranha. O facto de Neruda ter sido comunista, não me interessa nada. O que está em causa é o poeta, não o homem. Faço-lhe a pergunta ao contrário: teria eu de esconder as minhas reservas relativamente à poesia de Neruda para evitar que pensassem “lá está ele outra vez, a dizer mal de um poeta só porque é de esquerda”? Não gosto de ser cínico. Nem hipócrita.
(corrigido)
Do leitor Rui Queiroz:
”Mas afinal não gosta do Neruda por o considerar mau poeta ou porque ele era
comunista? É uma estranha coincidência que os blogers de direita NUNCA
gostem de ARTISTAS de esquerda...
É o mesmo que alguém de esquerda dizer mal do Borges porque era de direita!
Francamente...”
Caro Rui: não se trata de o considerar "um mau poeta", nem sequer de "não gostar" de Pablo Neruda. Do que eu "não gosto" é da sua poesia. Uma questão de sensibilidade (“source inexhausted of all that’s precious in our joys, or costly in our sorrows”, como escreveu um dia Laurence Sterne).
Sempre achei a poesia de Neruda demasiado «juvenil» para o meu gosto. Há poemas que roçam um grau de superficialidade que se aproxima perigosamente dos desabafos simplistas de um qualquer teenager armado em poeta. Exemplo:
“eu adoro toda
a poesia escrita,
todo o orvalho,
lua, diamante, gota
de prata submergida”
Isto, para mim, é medonho. Outro exemplo:
“Tal vez consumirá la luz de Enero,
su rayo cruel, mi corazón entero,
robándome la llave del sosiego.
En esta historia sólo yo me muero
y moriré de amor porque te quiero,
porque te quiero, amor, a sangre y fuego”
A densidade deste poema é sensivelmente igual à densidade representativa do Tó Zé Martinho.
Ao contrário de Neruda, eu não “adoro toda a poesia escrita”. Há poetas que me dizem tudo, outros que me dizem nada ou muito pouco. Lamento, mas Neruda não mexe comigo.
Quanto à “estranha coincidência” que referiu, pois que o seja. Estranha. O facto de Neruda ter sido comunista, não me interessa nada. O que está em causa é o poeta, não o homem. Faço-lhe a pergunta ao contrário: teria eu de esconder as minhas reservas relativamente à poesia de Neruda para evitar que pensassem “lá está ele outra vez, a dizer mal de um poeta só porque é de esquerda”? Não gosto de ser cínico. Nem hipócrita.
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